A suspensão das exportações de carne de frango, decorrente de um autoembargo do Ministério da Agricultura (Mapa) após a confirmação da doença de Newcastle em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, deverá ter impactos limitados. A informação foi divulgada em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (19.07) pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e pela ASGAV (Associação Gaúcha de Avicultura).
Segundo as instituições, embora as exportações estejam temporariamente restritas, os volumes destinados ao comércio exterior serão redirecionados ao mercado interno, que deve absorver parte dessa produção. Eles afirmam que as operações serão restabelecidas em breve, uma vez que todos os protocolos para conter a doença foram implementados.
O Rio Grande do Sul exporta cerca de 60 mil toneladas de carne de frango por mês. Segundo cálculos preliminares da ABPA, o impacto poderá ser de 15% a 20% desse volume, no pior cenário, refletindo as medidas já aplicadas pelo Mapa. No entanto, Ricardo Santin, presidente da ABPA, mencionou que a circular nº 04 do ministério, que detalha o embargo para cada país importador, pode sofrer alterações, o que pode mudar o cenário atual.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina. A carne de frango exportada pelo estado representa aproximadamente 14% do total exportado pelo Brasil, atendendo uma parte significativa da demanda chinesa. Em 2024, 80% dos pés e patas de frango importados pela China tiveram como origem o Brasil. Atualmente, a suspensão de embarques para a China é nacional, e a Argentina e a União Europeia também estão na lista de países com embargo.
Alguns países importadores, como o Japão, solicitaram medidas específicas, como a suspensão de embarques de produtos originários de um raio de 50 quilômetros de Anta Gorda, apesar da recomendação da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) ser de apenas 10 km. “O Japão fez essa solicitação e será atendido”, afirmou Santin.
O presidente da ABPA também destacou que, embora seja possível mensurar os impactos em termos de volume, a avaliação financeira só poderá ser feita posteriormente. Quanto aos preços, Santin acredita que seguirão as dinâmicas de cada mercado. Ele também mencionou que alguns países listados no embargo não compram grandes volumes de carne de frango do Brasil.
José Eduardo dos Santos, presidente da ASGAV, enfatizou a rapidez, transparência e seriedade com que o caso está sendo tratado, garantindo que todos os protocolos sanitários foram aplicados imediatamente para conter a doença e tranquilizar os consumidores. Tanto Santos quanto Santin reforçaram que a doença não é transmitida aos humanos pelo consumo de carne de frango.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, disse que acredita que as exportações brasileiras para a China serão retomadas em 15 a 30 dias, assim que o governo brasileiro fornecer mais informações aos compradores. “Devemos enviar o relatório entre segunda e terça-feira e nos informaram que rapidamente levantarão a suspensão. Estamos tomando todas as medidas para diminuir o tempo de suspensão para a China”, afirmou.