O único sobrevivente o ataque a uma creche em Saudades, no Oeste de Santa Catarina, recebeu alta médica neste domingo. O menino de 1 ano e 8 meses esteva internado no Hospital da Criança, em Chapecó, cidade da mesma região. Ele foi submetido a procedimentos cirúrgicos no pescoço, tórax, abdômen e pernas, segundo o hospital.
Profissionais que trabalham na unidade se emocionaram quando o menino deixou o local. Eles homenagearam os familiares da criança durante a saída para casa. A mãe do menino, Adriana Martins, comemorou a recuperação do filho.
“Dia mais feliz da minha vida. Meu filho nasceu pela segunda vez foi um milagre de Deus, que o protegeu e me devolveu com vida. Hoje tenho em meus braços o presente que dinheiro nenhum pode pagar. A palavra é gratidão e sempre agradecer, agradecer e agradecer a Deus e a todos que não mediram esforços para salvá-lo“, disse.
O menino chegou a ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ele sofreu ferimentos graves no rosto, lábios, barriga e uma perfuração em um dos pulmões. Os cortes foram provocados por golpes de facão.
Enquanto deixava o hospital, a criança carregava um certificado de coragem. “Você é um super herói” dizia a mensagem. A alta foi autorizada pelo médico Leandro Trevizan, que atendeu o garoto desde quando ele foi internado. A situação clínica da criança é estável e ele não corre risco.
MISSA
Ainda neste domingo, a Igreja Matriz de Saudades, antecipou a celebração da missa se sétimo dia das cinco vítimas do ataque a creche, que aconteceu em 04 de maio. A solenidade durou cerca de 1h30 e foi transmitida pelas redes sociais da paróquia Sagrada Família.
Desde o dia seguinte ao ataque, missas são realizadas com familiares das vítimas e a comunidade local.
No ataque, o mais violento da história da cidade, morreram as professoras Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos e Mirla Renner, de 20 anos, além das crianças Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
A tragédia provocou consternação na cidade, além de comoção em várias cidades do país. O ataque foi cometido por um rapaz de 18 anos que entrou na creche Aquarela armado com uma adaga (facão).
A Matriz de Saudades homenageou as vítimas colocando o nome e as fotos deles em um altar preparado na paróquia.
AULAS SUSPENSAS
Na quinta-feira (06) o prefeito de Saudades se reuniu com autoridades para discutir ações de segurança e apoio psicológico a população depois do ataque que deixou cinco mortos e uma criança ferida.
A prefeitura pediu maior efetivo da Polícia Militar para atender a cidade, e também definiu que as aulas no município seguem suspensas até 14 de maio. O decreto com a determinação foi publicado na sexta-feira (07).
Representantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos também foram a cidade para uma reunião com as autoridades municipais.
INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil investiga a chacina e já ouviu mais de dez testemunhas até quinta-feira (07). Segundo a Delegacia, no momento a investigação além de ouvir as testemunhas, segue analisando o computador do suspeito, que segue internado e ainda não prestou depoimento ao delegado.
Ainda de acordo com a polícia, após os ataques, ele provocou ferimentos no próprio corpo e foi socorrido em estado grave. Antes disso ele havia dito aos funcionários do local que o objetivo era invadir a Escola de Educação Básica Rodrigues Alves, onde estudava até o ano passado.
Na manhã de terça, no entanto, o jovem foi à escola infantil Aquarela e, com um facão, matou três crianças de um ano, e duas agentes educacionais de 30 e 20 anos. O corpo das cinco vítimas foram enterrados na quarta-feira (05) no Cemitério Municipal de Saudades.
O criminoso segue internado na UTI do Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, a cerca de 60 quilômetros de Saudades. Ele foi submetido a duas cirurgias e está se recuperando dos ferimentos. Assim que tiver alta ele será preso e levado para prestar depoimento ao delegado.
Familiares do jovem declararam que ninguém imaginava que ele planejava o crime. O autor não tinha antecedentes criminais e era descrito como quieto e introspectivo pela comunidade.