Empresária que morreu de Câncer em Londrina deixa carta de despedida

Juliana morreu no último sábado (04) em Londrina, por conta de complicações em um câncer no intestino. Ela, no entanto, confortou a família com uma carta de despedida.

Derick Fernandes
Por Derick Fernandes Deixe um comentário 6 min de leitura
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A empresária Juliana Carvalho Lopes, 45, morreu no último sábado (04) em Londrina, por conta de complicações em um câncer no intestino. Ela, no entanto, confortou a família com uma carta de despedida que viralizou nas redes sociais. O texto de despedida de Juliana foi lido no velório dela que aconteceu na cidade. As informações são do g1.

A despedida de uma vida linda, cheia de sentido, de amor e das pessoas mais especiais que eu poderia ter tido o privilégio de conviver. Minha família, minhas amigas e amigos e tanta gente, que apesar da pouca intimidade, se fez tão presente, com gestos, palavras, orações, força

Juliana Carvalho Lopes, empresária

Na carta, Juliana conta como aprendeu a ver a vida depois do diagnóstico da doença. “Durante o tratamento, passei por muitas fases aqui dentro de mim. E, felizmente, encontrei as minhas próprias ferramentas psíquicas para lidar com o câncer e com as pessoas da minha vida. E fui sustentada pela força, o afeto, a parceria e o amor de vocês, cada um à sua maneira”, escreveu.

O marido de Juliana, Márcio Antunes, disse em entrevista ao g1 que a esposa foi altruísta, mesmo estando bastante debilitada pela doença. “Ao mesmo tempo que a gente estava triste, a gente se sentiu reconfortado. Tem sido muito emocionante porque a gente vem vivenciando a leitura dessa carta no dia a dia”, disse ele.

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Carta de Juliana foi lida em seu velório

Márcio e Juliana foram casados por 32 anos e se conheceram ainda na adolescência. Juntos, eles tiveram dois filhos. Juliana, mesmo com as dificuldades da doença, organizou uma festa para 150 pessoas em fevereiro. O viúvo dela contou que aquela era uma festa de despedida.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA

A minha hora chegou. E tá tudo bem, gente. Tive a oportunidade e o privilégio de me preparar pra ela. Me redescobrir e receber o melhor das pessoas. Essa é uma despedida honesta e, absolutamente, grata. A despedida de uma vida linda, cheia de sentido, de amor e das pessoas mais especiais que eu poderia ter tido o privilégio de conviver. Minha família, minhas amigas e amigos e tanta gente, que apesar da pouca intimidade, se fez tão presente, com gestos, palavras, orações, força.

Durante o tratamento, passei por muitas fases aqui dentro de mim. E, felizmente, encontrei as minhas próprias ferramentas psíquicas para lidar com o câncer e com as pessoas da minha vida. E fui sustentada pela força, o afeto, a parceria e o amor de vocês, cada um à sua maneira. E passei a tentar compreender os sentimentos e emoções das pessoas que me cercam, me atrevendo a entender e experimentar, da forma objetiva, racional, mas também, empática, o que sente o outro. Pra mim, funcionou, espero que pra vocês também. Uma certeza, morri cheia de gratidão no coração e cercada das melhores pessoas.

Aliás, se eu puder deixar um pedido, desmistifiquem o câncer ou outra doença grave. Desmistifiquem a morte, afinal, ela é o maior clichê da nossa vida. Meu objetivo, desde o meu diagnóstico foi desmistificar a doença, o processo e o fim da vida. Acho que funcionou, vocês entenderam e eu vivi os últimos anos com dignidade e alegria apesar do câncer. E como eu sempre repetia – com todo respeito a dor e a maneira que cada um tem de lidar com seus perrengues – é possível, sim, ser feliz com câncer. Eu fui.

Um recadinho para quem me acompanhou no trecho: Sei humildemente que sentirão saudades da minha presença, das minhas patifarias, da nossa convivência, eu já estou… Mas, espero que se apeguem as nossas pequenas lembranças, nossos momentos de alegria e risadas, nossas trocas. Construam nossas memórias. Espero ter deixado material pra isso. Para carregarem um pouquinho de mim em cada um de vocês (só a parte boa!), mas com alegria, sem drama. Vocês sabem que drama nunca foi meu forte.

Li, certa vez, que “o luto é o preço do amor”. Eu, só posso agradecer o tanto de amor que vocês me dedicaram. E desejar que vocês, meus amados e amadas, vivam esse luto, do jeito mais leve e alegre que vocês puderem, assim como eu levei a vida.

Sabe qual é a maior homenagem que vocês podem fazer a mim? É honrar as suas próprias vidas, com honestidade nas relações, alegria, integridade, empatia, amor e muita diversão, claro! Aliás, depois da minha despedida, se juntem e vão tomar um chopp, ouvindo um samba e falando bem de mim. O da minha mãe é escuro.

Eu deixo chorarem a minha partida, faz parte. Mas, acima de tudo, celebrem a minha vida. Estou em paz. Fiquem também”.

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Jornalista
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Derick Fernandes é jornalista profissional (MTB 10968/PR) e editor-chefe do Portal i24.
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