Ex-morador de centro de acolhimento de Londrina é aprovado em curso da UEL

Por Redação Deixe um comentário 5 min de leitura
Divulgação: Este site contém links de afiliados. Ao clicar neles, você já ajuda a apoiar nosso trabalho, sem qualquer custo adicional para você. Cada clique faz a diferença e nos permite continuar trazendo conteúdo de qualidade! ❤️

“Eu me sinto renovado e rejuvenescido, pois a educação vai me permitir continuar com o processo de reconstrução pessoal que comecei há dois anos. Essa transformação só está sendo possível graças aos serviços da rede de assistência social de Londrina. Ela é formada por pessoas comprometidas e dedicadas, que fazem um trabalho de alto nível, útil e necessário”, comentou Antônio Luiz Galves, de 65 anos, sobre sua aprovação no vestibular para o curso de história da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Entre maio e setembro de 2019, Galves residiu no acolhimento mantido pelo Serviço de Obras Sociais  (SOS) – entidade parceira da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) – que oferece serviços de acolhimento adulto para pessoas em situação de vulnerabilidade. Segundo ele, esse período foi fundamental para que pudesse recuperar sua autonomia e independência, após ter passado por diversos momentos difíceis, incluindo crises pessoais e financeiras.

Galves havia sido encaminhado para a unidade após receber atendimento do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) – Centro B.  De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, o trabalho da pasta visa oferecer às pessoas em situação de vulnerabilidade a oportunidade de superação, por meio de planos de trabalho individualizados e voltados à realidade de cada atendido.

“Os serviços da assistência fornecem todo o respaldo para a superação das situações de vulnerabilidade e/ou rua. São políticas públicas que compõem uma trilha da cidadania, unindo a saúde, educação, habitação e trabalho, visando o resgate da cidadania”, frisou.

Galves contou que nasceu em 1955, em Santo André (SP), filho de um casal de boias-frias sem educação formal. Com muito esforço, conseguiu concluir duas graduações, em administração de empresas e economia, e iniciou uma bem-sucedida carreira como empreendedor do ramo de brinquedos e utilidades domésticas, chegando a ter uma indústria, em São Paulo, com cerca de 1.200 funcionários.

“Infelizmente, acabei fazendo algumas escolhas erradas do ponto de vista pessoal e profissional, que me levaram a perder tudo. Há 14 anos, mudei para Londrina e recomecei minha vida como empresário do setor de vestuário. Cheguei a ter cinco lojas, mas tive dificuldades e acabei caindo novamente. Dessa vez, não tive como me recuperar. Estava com depressão, não conseguia me recolocar profissionalmente, minha luz tinha sido cortada e eu estava para ser despejado porque não tinha como pagar o aluguel. Foi nesse momento que descobri a rede socioassistencial, que acabou sendo um divisor de águas para mim”, disse.

Inicialmente, Galves procurou o CRAS Centro-B, que lhe ofereceu alimentação, na forma de uma cesta básica, e então fez o encaminhamento para o Serviço de Obras Sociais (SOS), entidade que tem convênio com a Prefeitura de Londrina e atende homens a partir dos 18 anos de idade.

A psicóloga do SOS, Ana Carolina Ferreira, explicou que, além do pernoite e alimentação, os acolhidos recebem atendimento psicológico e social, assim como encaminhamento para vagas de trabalho e oportunidades de qualificação profissional. “Nosso objetivo é que as pessoas recuperem sua auto-estima, independência, capacidade de organização financeira e protagonismo. Trabalhamos para que isso seja alcançado de forma segura e respeitando as características de cada um”, afirmou.

Galves permaneceu no abrigo por quatro meses e 21 dias. Após obter um emprego como vendedor de software comercial, o profissional com décadas de experiência reconquistou sua autonomia.

“Fiquei dois anos como vendedor e agora estou abrindo minha própria empresa, também no setor de Tecnologia da Informação (TI). Resolvi estudar história para continuar abrindo meus horizontes, aprendendo coisas novas e trocando experiências com meus futuros colegas. Quero ser um exemplo para a minha filha de sete anos e também para outras pessoas que estão passando por dificuldades. Elas precisam saber que existe uma estrutura de apoio governamental muito séria, que ajuda quem deseja mudar de vida. Isso é um direito de todos”, pontuou.

ASSUNTOS:
Compartilhe
Comentar

Acesse para Comentar.

Sair da versão mobile