Durante uma entrevista ao site Metrópoles, que aconteceu nesta sexta-feira (24), quatro mulheres que acusam o ex-diretor humorístico da Globo, Marcius Melhem, resolveram mostrar a cara e expor com detalhes o suposto assédio que sofreram. Além disso, na conversa com o colunista Guilherme Amado e a jornalista Olivia Meireles, essas quatro mulheres puderam contar com mais 7 testemunhas que afirmaram tudo sofre o assédio e contaram também que o humorista era extremamente controlador e impediam de fazer outros trabalhos dentro da emissora.
No entanto, na entrevista estavam as atrizes Dani Calabresa, Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht. Além do assédio sexual, mulheres contam coisas que aconteciam dentro dos bastidores da Globo e também expuseram que Melhem esfregava seu órgão genital em homens enquanto viam algum tipo de trabalho, fazendo o rapaz quebrar um vidro.
“Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”, disse Dani Calabresa.
Ainda mais, as atrizes Georgiana Góes, Renata Ricci e Veronica Debom revelaram que também sofreram assédio sexual do ex-diretor. Inclusive, assumiram que só tiveram coragem de falar sobre o assunto depois que Dani Calabresa expos e foi aí que decidiram denunciar o ex-humorista da Globo.
“Quando saiu na imprensa a notícia sobre o assédio sofrido pela Dani, eu entendi todos os comportamentos típicos de assédio que estavam acontecendo, tudo o que eu tinha ouvido falar quando comecei na TV Globo. Eu entendi que era verdade, que eu tentei bloquear um tempo como se não fosse”, revelou a roteirista Carolina Warchavsky.
Ainda mais, testemunhas afirmam que Marcius Melhem deixava o clima de trabalho tóxico
Testemunhas como Maria Clara Gueiros, Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht afirmaram que toda vez que Marcius Melhem chegava o clima de trabalho ficava tóxico. Aliás, não somente os humorista, mas diretores de grande nomes da emissora como: Cininha de Paula e Mauro Farias, além das roteiristas, Carolina Warchavsky e Luciana Fregolente também falaram sobre o clima que ficava quando o ex-diretor chegava no trabalho.
Inclusive, todos que estavam na entrevista falaram sobre as piadas e as brincadeiras pesada que Marcius Melhem tinha com todos a sua volta. “O que me chamava mais atenção era uma certa falta de vida pessoal. Ele queria transformar aquela coisa do trabalho, a espontaneidade das relações profissionais, para a vida dele”, contou o humorista Marcelo Adnet. Vale lembrar que, Marcelo Adnet e Dani Calabresa foram casados por anos, e também já trabalhou com Marcius Melhem no programa de humor “Tá no ar, a Tv na Tv”.
Contudo, elas ainda falaram sobre o poder que Marcius tinha nas mãos. Entretanto, depois de contar com detalhes tudo que passaram nas mãos do ex-diretor de humor da Globo, elas perceberam que também sofreram assédio moral. “Para mim, o ambiente do Núcleo de Humor da Globo era muito divertido, mas tinham momentos de constrangimento, que eu demorei para entender que não eram normais e tinham o nome de assédio”, disse a atriz Georgina Góes.
Marcius Melhem rebate acusações; saiba mais
Apesar de muitas mulheres o acusando, Melhem, decidiu rebater as acusações de assédio que recebeu de diversas mulheres com as quais trabalhou na emissora carioca. “Tem gente que publica essa carta do compliance dizendo que a TV Globo comprovou um assédio que não existe. A carta da emissora não fala em assédio. Eu cometi erros — eu assumo que cometi — eu nunca disse que eu não cometi erros. Eu falei exaustivamente, várias vezes, que eu acho que cometi erros”, começou.
Mas sobre a humorista e atriz Dani Calabresa, ele confessa que passou do ponto, porém ele afirma não ter visto como assédio e sim, uma maneira de conquista-la. “Ela [Dani Calabresa] nunca me disse ‘não’. Só disse ‘sim’. Você não pode desdizer que você tinha uma intimidade, que você brincava. Se a Dani Calabresa tivesse me dito em qualquer momento: ‘Não, não quero’, ou dado a entender isso, eu teria parado imediatamente. Ela me dava sinais repetidos de que existia uma intimidade entre nós, de que podia acontecer”, disse Marcius.
Porém, Dani Calabresa explicou o motivo das mensagens no WhatsApp e o porquê de agir daquela maneira. “Não tem um manual de instrução para lidar com uma situação que te deixa constrangido. Cada uma lida de um jeito, né? Eu lidava com brincadeira, sabe? Ele falava: ‘Tá gata’. Eu respondia: ‘Deus te pague’, ‘É porque você não viu o buço’, ‘Sai tudo no banho, a maquiagem sai’, ‘Ai Deus te pague. Obrigada pelo elogio, mas é um amigão’. Mas tenta se colocar no meu lugar. Eu amava trabalhar nesse ambiente e, para não criar uma briga com o meu chefe, eu fingia que achava engraçado. Eu cortava ele pessoalmente e compensava na mensagem“, declarou a famosa.
Vale lembrar que, o humorista está usando das mensagens do WhatsApp para sua defesa. Para ele, isto seria uma prova de que não cometeu assédio sexual com as mulheres que o acusam. No entanto, as mulheres que estão acusando, afirmam que as insistências do ex-diretor as deixou constrangidas. “Eu também não queria comprar briga com o chefe, porque eu amo trabalhar. Então, comprar briga com ele, sabe? Custaria mesmo a minha carreira. Só que chegou um ponto que eu queria sair. Para mim, eu não tinha medo de sair. Eu tinha medo de ficar”, disse Calabresa.
Relembre o caso
Para quem não sabe, em 2020, Marcius Melhem, saia da Globo, deixando um cargo de peso da emissora mais famosa do mundo. Inclusive, o humorista estava no auge do sucesso, tendo grandes trabalhos que garantiam para emissora carioca uma grande audiência. Dentre tantos trabalhos, ele estava comandando: Zorra, Tá no ar e Isso a Globo não mostra, programas de grandes sucessos no canal.
Porém, o que ninguém imaginava era que ele estava sendo investigado pela própria emissora que, depois da humorista Dani Calabresa e outras mulheres o denunciarem por assédio sexual. Além disso, o caso veio a público somente no mês de dezembro de 2020, o que fez a justiça do Rio de Janeiro, restabelecer o caso. Ainda mais, na época em que Marcius foi demitido da Globo, a emissora em nota a emissora disse que o humorista não estava seguindo “os princípios e valores da empresa”.
“Quando eu perguntei para a TV Globo na época qual é a prova que eu tenho então que não houve assédio, eles responderam: ‘A prova que você tem é a sua saída com todos os direitos e com a sua carteira de trabalho limpa’, disse o humorista. Ao ver a declaração do comediante, a TV Globo emitiu uma nota sobre a demissão do comediante.
“A Globo não comenta casos levados ao seu Compliance e aproveita para reiterar que a empresa mantém um Código de Ética em linha com as melhores práticas atualmente adotadas, que proíbe terminantemente o assédio e deve ser cumprido por todos os colaboradores, em todas as áreas da empresa – e em nenhuma delas é tolerada qualquer forma de assédio”, dizia a nota.
“Da mesma maneira, a Globo mantém uma Ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação de seu Código de Ética, que são apurados criteriosamente, com a punição dos responsáveis por desvios. Nesse mesmo Código, assumimos o compromisso de sigilo em relação a todos os relatos de Compliance, razão pela qual não fazemos comentários sobre as apurações. Nosso sistema de Compliance também prevê o apoio integral aos relatantes, proibindo qualquer forma de retaliação em razão das denúncias.”
“Da mesma maneira, a Globo mantém uma Ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação de seu Código de Ética, que são apurados criteriosamente, com a punição dos responsáveis por desvios. Nesse mesmo Código, assumimos o compromisso de sigilo em relação a todos os relatos de Compliance, razão pela qual não fazemos comentários sobre as apurações. Nosso sistema de Compliance também prevê o apoio integral aos relatantes, proibindo qualquer forma de retaliação em razão das denúncias”, concluiu a emissora.