Primeiro clube de futebol indígena lança campanha buscando conscientização e patrocínio

Time fundado em 2009, Gavião Kykatejê, cumpre todas as normas da CBF e busca ajuda financeira

4 min de leitura
Divulgação: Este site contém links de afiliados. Ao clicar neles, você já ajuda a apoiar nosso trabalho, sem qualquer custo adicional para você. Cada clique faz a diferença e nos permite continuar trazendo conteúdo de qualidade! ❤️
Foto: Divulgação

Gavião Kyikatejê Futebol Clube, primeiro clube de futebol formado por jogadores indígenas, lançou um filme com o objetivo de promover a conscientização nacional sobre os povos originários do país. A iniciativa surgiu após a polêmica envolvendo a fala do técnico do PalmeirasAbel Ferreira, que em uma coletiva pós-jogo utilizou a expressão “não é um time de índios” de forma pejorativa. A declaração gerou controvérsias, e o treinador se desculpou posteriormente.

A Criação
O projeto foi idealizado por um grupo de publicitários voluntários, incluindo Victor ToyofukuYohanna Loshua e Henrique Louzada, que convidaram outros profissionais engajados na causa para ajudar na execução da campanha. Entre eles, estão Thiago Balma, sócio-produtor executivo, e Luiz Whately, diretor de cena associado da produtora Balma Films.

Thiago Balma expressou frustração com a falta de apoio institucional ao clube:

“O Gavião ter um time de atletas indígenas e não ter nenhum apoio institucional é um reflexo do quão distantes estamos do tema inclusão no futebol.”

A Gravação
A produção contou com a colaboração de diversos parceiros, incluindo a Balma Films (filmagem), Dirty Work (animação), Bumblebeat (trilha sonora) e Cuadro Post (finalização). O cacique Zeca Gavião (Pepkrakte Jakukreikapiti Ronore Konxarti), líder da aldeia Kyikatejê e presidente do clube, foi consultado e deu aval para o projeto.

Os diretores de animação, Faga Melo e Gustavo Leal, optaram por incluir pinturas feitas à mão em partes do filme, utilizando a figura do Gavião e outros elementos da cultura da tribo Kyikatejê. A ideia era aproximar o público da realidade indígena.

Gustavo Leal explicou o contraste buscado na narrativa:

“Ao criar uma narrativa paralela por meio da animação, buscamos adicionar uma camada mística que contrastasse com o documental das imagens captadas.”

Faga Melo complementou:

“Contando sobre a lenda, fizemos a jornada do herói. Essa foi a forma que encontramos para transmitir a força desse time. Queremos que o espectador sinta a energia Kyikatejê para realmente compreender quem são esses atletas.”

Luiz Whately, diretor de cena, destacou a importância do projeto:

“Ao contarmos a história do Gavião Kyikatejê, damos visibilidade ao time e tratamos os povos originários com o devido respeito.”

O filme está disponível nos canais da Band e do Donos da Bola.

Patrocínios
O clube espera que o lançamento do filme atraia patrocínios, já que atualmente não possui apoio externo. Desde sua fundação, em 2009, o Gavião Kyikatejê busca seu primeiro patrocinador oficial. Zeca Gavião, presidente do clube, abriu as portas para investidores:

“Estamos em busca de empresas dispostas a investir no time. Isso vai nos ajudar a melhorar a estrutura e a qualidade de vida dos atletas e da comunidade da aldeia Kyikatejê.”

O Clube
Fundado em Bom Jesus do Tocantins, no Pará, o Gavião Kyikatejê surgiu após a aquisição dos direitos do Castanheira Esporte Clube, time amador, em 2007. Após vencer a Liga Marabaense em 2008, o clube buscou a profissionalização em 2009, competindo nas divisões inferiores do Campeonato Paraense. Em 2013, alcançou a primeira divisão, onde permaneceu por dois anos. Após um período na segunda divisão, retornou à elite em 2020, mas foi rebaixado novamente em 2021.

O objetivo do clube não é apenas conquistar títulos, mas promover a formação e inclusão de jogadores indígenas, que atualmente representam 80% do elenco. O Gavião Kyikatejê também conta com times feminino e de base. Atualmente, o clube disputa a segunda divisão do Campeonato Paraense.

Compartilhe
Sair da versão mobile