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Técnico do JC é detido após ofensa racial durante comemoração do Bahia

Incidente de racismo marca comemoração do acesso do Bahia à Primeira Divisão do Futebol Feminino, resultando na prisão do técnico do JC

Vinícius Nazza - Editor
Foto: João Normando/Esporte Manaus

A celebração do acesso do Bahia à Primeira Divisão do Brasileirão Feminino, realizada no estádio de Pituaçu, em Salvador, foi marcada por um incidente grave. Suelen Santos, jogadora do Bahia, acusou o técnico do JC, Hugo Duarte, de injúria racial, alegando que ele a chamou de “macaca” durante a comemoração. O treinador foi preso em flagrante pela Polícia Militar, que foi chamada pela juíza da partida logo após o término do jogo.

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Momento da confusão envolvendo atletas do Bahia e o técncio do JC (Reprodução/Instagram)

Relato de Suelen

De acordo com Suelen, o técnico do time adversário, Hugo Duarte, utilizou a expressão racista durante a celebração do acesso do Bahia à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro Feminino. Sentindo-se profundamente ofendida e ultrajada, a zagueira não hesitou em relatar o incidente às autoridades que estavam no estádio. Em uma publicação nas redes sociais, Suelen destacou que a ofensa não apenas visava silenciá-la como mulher negra no esporte, mas também a desumanizava.

“A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista”, escreveu Suelen.

A Polícia Militar, acionada pela juíza da partida, imediatamente deteve Hugo Duarte e o encaminhou para a Central de Flagrantes, onde ele foi autuado por injúria racial. Testemunhas do ocorrido, incluindo outras jogadoras e funcionários dos clubes, prestaram depoimentos confirmando a versão de Suelen.

Defesa do Técnico e Posicionamento do JC

O advogado de Hugo Duarte, Diego Benevides, negou veementemente as acusações de injúria racial. Segundo Benevides, Duarte não proferiu a ofensa imputada a ele, e a defesa está empenhada em provar sua inocência na audiência de custódia, marcada para quarta-feira (10).

O que acontece a partir de agora? Bem, ele foi preso em flagrante, ele vai passar por uma audiência de custódia em que o juiz vai avaliar se mantém ele preso ou solta. Mas acreditamos que vamos comprovar sua inocência e o juiz vai liberar ele. Nossa tese é da negativa de autoria. Nossa confiança é de que ele será liberado

explicou o advogado.

O JC Futebol Clube, por sua vez, emitiu uma nota oficial repudiando qualquer ato de racismo e declarando que está investigando o ocorrido juntamente com seu setor jurídico. A nota enfatizou que o clube está comprometido em apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis, garantindo que nenhuma informação caluniosa ou infame prejudique os envolvidos.

“O JC Futebol Clube AM repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa. Sobre o ocorrido nesta segunda-feira onde o clube enfrentou o Bahia pelo Campeonato Brasileiro Feminino, houve um ocorrido envolvendo o treinador e uma atleta do clube Bahia que estão sendo investigados. O clube juntamente com seu jurídico estão averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infames ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos”

Solidariedade do Bahia e Reações

O Esporte Clube Bahia manifestou total apoio a Suelen e cobrou uma resposta proporcional à gravidade do ocorrido. Em nota oficial, o clube reiterou seu compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação e destacou a importância de se tratar todos os membros da sociedade com igualdade, conforme previsto na Constituição Brasileira.

“O que deveria ser uma noite apenas de comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu. Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado”

declarou o Bahia

A nota também informou que o Diretor de Operações e Relações Institucionais do clube, Vitor Ferraz, está acompanhando Suelen, juntamente com um advogado criminalista que assessora o clube. Além disso, outras jogadoras e funcionários que testemunharam o incidente estão colaborando com as investigações.

“O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação

concluiu a nota.

Hugo Duarte permanece detido na Penitenciária Lemos Brito, no bairro de Mata Escura, em Salvador, aguardando a audiência de custódia. O caso segue em investigação, com todos os envolvidos aguardando desdobramentos jurídicos e institucionais. A audiência de custódia decidirá se a prisão do treinador será convertida em preventiva ou se ele terá a liberdade provisória concedida. A expectativa é alta, tanto por parte da defesa de Duarte quanto daqueles que buscam justiça para Suelen.

Momento em que Hugo Duarte foi detido. (Crédito: Arisson Marinho/CORREIO(
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