DIÁRIO 24H
BRASÍLIA
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-ministro do governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o irmão dele, deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro. O caso se refere ao bunker descoberto pela Polícia Federal durante a Operação Tesouro Perdido, que localizou em um apartamento em Salvador mais de R$ 51 milhões em espécie.
A Procuradoria-Geral também denunciou a mãe de Geddel, Marluce Quadros Vieira Lima, além de Job Ribeiro Brandão, homem de confiança da família, e Gustavo Pedreira Couto Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, e que foi apontado como operador do ex-ministro Geddel.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, é quem vai decidir se o ex-ministro de Temer se torna réu ou não.
INVESTIGAÇÃO
A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito sobre Geddel Vieira Lima na semana passada. No documento, a PF detalha as razões pelas quais considera ilegal a origem dos R$ 51 milhões localizados em Salvador:
“Não é crível que uma pessoa dispusesse da absurda quantia se não houvesse o propósito de ocultar a sua existência; nem que duas figuras públicas com a inteligência do parlamentar Lúcio Vieira Lima e seu irmão Geddel, além de sua mãe, deixassem de auferir rendas se este valor estivesse devidamente declarado e formalmente inserido no sistema financeiro nacional e destacou a obrigatoriedade legal, moral e de transparência que esses representantes do povo tem de manter suas contas e finanças.”
A PF concluiu que o dinheiro pertence a Geddel, e foi Lúcio Vieira Lima quem providenciou o apartamento onde as malas seriam guardadas.

Conforme a Polícia Federal, as impressões digitais de Gustavo Ferraz, Job Pinheiro e Geddel Vieira Lima foram encontradas nos sacos de dinheiro. Job colaborou com as investigações e disse à Polícia Federal que jogou no vaso sanitário documentos que poderiam comprometer o ex-ministro e Lúcio a pedido deles.
O operador Lúcio Funaro viu as fotos da apreensão do dinheiro. Funaro diz ter repassado R$ 20 milhões em propina a Geddel, e informou que os valores envoltos em ligas, com pedaço de papel onde havia impresso o valor constante do maço de dinheiro, era exatamente como retirava o dinheiro dos seus doleiros e repassava para Geddel.
SILÊNCIO
O ex-ministro nunca se pronunciou sobre a origem do dinheiro e ficou calado após ter sido preso, em setembro. A polícia informou que o irmão dele, o deputado Lúcio Vieira Lima, não compareceu a depoimento que deveria ter acontecido na semana passada. Com isso ele perde a chance se apresentar sua versão do caso à PF.