Governo passa a omitir dados acumulados de mortos e de casos de coronavírus no Brasil

Por Redação Deixe um comentário 4 min de leitura
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O governo de Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Saúde (MS) passe a ocultar os dados completos sobre a situação do coronavírus no Brasil. Por pressão do presidente, agora o governo não informará mais o número acumulado de mortos e de casos.

Desde sexta-feira (05) o site do Ministério da Saúde que apresenta os dados ficou fora do ar, e retornou apenas na tarde deste sábado (06) já sem as informações consolidadas.

Na quarta-feira (03) o governo já havia antecipado mudanças. Primeiro alterou o horário de divulgação do boletim para as 22h numa tentativa de impedir que os dados fossem noticiados nos principais telejornais do país.

O presidente Bolsonaro declarou neste sábado (06) que a omissão das informações “será boa para o Brasil”. Ele também anunciou que o Ministério da Saúde deve recontar o número de mortos. Na quinta-feira (04) ele havia declarado que havia “não teria mais matéria no Jornal Nacional”.

Inicialmente, ainda sob a conduta de Luiz Henrique Mandetta, o Ministério da Saúde divulgava os números por volta de 17h. Já na gestão de Nelson Teich, os dados eram apresentados às 19h. Depois que o general Eduardo Pazuello assumiu o comando, a divulgação acontecia 20h.

Site anterior apresentava dados completos sobre a Covid-19 no Brasil. Informações passaram a ser ocultadas após determinação de Bolsonaro.
Site anterior apresentava dados completos sobre a Covid-19 no Brasil. Informações passaram a ser ocultadas neste sábado (06).

Na última quarta (3), alegando um problema técnico, o Ministério da Saúde fez a primeira divulgação dos dados às 22h. O horário foi repetido na quinta sem explicações. E após o jornal Correio Braziliense afirmar que a ordem para o novo horário teria partido de Bolsonaro, o ministério enviou mensagens a jornalistas afirmando que os números seriam mostrados apenas às 22h.

Mais cedo na sexta, o novo horário da divulgação foi criticado por Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que classificou a alteração como “sonegação de informações”

“Há um dever de publicidade, as autoridades têm de informar o quadro. Enquanto gastamos essa energia imensa com querela política, atingimos um número trágico e mórbido de 35 mil mortes no país, 1,5 mil mortes por dia”, disse o ministro. “Quando se começa a fazer esse movimento político, de sonegar informações, a própria confiabilidade dos números passa a ser também colocada em xeque”.

Novo site do Ministério da Saúde passou a omitir os dados acumulados.

O magistrado também fez referência a uma cortina de fumaça nas disputas políticas protagonizadas entre Palácio do Planalto, STF e Congresso para tirar o foco no combate à Covid-19.

“Chamo de querela política essas manifestações, esse aparente conflito entre Supremo, militares e presidência, entre os poderes executivos nos estados, municípios e União. E não estamos cuidando dessa questão central. Muitas dessas manobras, desses conflitos, são conflitos diversionistas para que não dedicarmos atenção àquilo que de fato é o problema central, a Covid”, completou Gilmar Mendes.

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