Unidades da rede de lojas Havan começaram a vender produtos alimentícios, como arroz e feijão, na tentativa de enquadrar o comércio da empresa como serviço essencial e, assim, poder reabrir durante a quarentena contra a pandemia de coronavírus. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo funcionários da rede ouvidos pela Folha, a Havan começou a vender arroz e feijão há cerca de duas semanas, mas o estoque disponível nas lojas é sempre baixo. No site da rede, porém, esses itens de cesta básica não são vendidos.
A venda de arroz e feijão ao lado de produtos para a casa é uma tentativa da empresa de reforçar o argumento de que é um hipermercado e não uma loja de departamentos, discurso que tem levado aos tribunais de Justiça na tentativa de conseguir uma liminar para reabrir suas portas.
Das 143 lojas da rede no País, apenas 16 estão fechadas. A maioria das lojas abertas está em Santa Catarina e Paraná, estados que flexibilizaram a quarentena e permitiram a reabertura parcial do comércio, com horário reduzido.
Em pelo menos duas cidades do interior de São Paulo, Araçatuba e Lorena, a empresa conseguiu uma liminar para reabrir. Nos dois casos, a Justiça entendeu que a Havan é um hipermercado, e não uma loja de departamento. Já em Rio Branco (AC) e Vitória da Conquista (BA), o pedido da empresa foi negado.
Nas duas cidades, a direção da empresa simplesmente ignorou os decretos que obrigavam o fechamento do comércio e reabriu suas lojas, até que elas foram interditadas. Juntamente com os pleitos na Justiça, a Havan tem levado funcionários a protestar contra a quarentena na porta de prefeituras.
Luciano Hang, o dono da Havan, chegou a compartilhar nas redes sociais o vídeo de um desses atos. “Os colaboradores da Havan foram às ruas defender o direito de trabalhar”, argumentou o empresário.
Os colaboradores da Havan foram às ruas defender o direito de tralhar. Das 145 lojas Havan, 18 seguem fechadas há mais de 2 meses. Enquanto os governantes vendem a imagem de salvadores da pátria, muitos não sabem como colocar comida na mesa. É muita hipocrisia, você concorda? pic.twitter.com/Rs6Gt7TcH1
— Luciano Hang (@luciano_hang) May 18, 2020
Também nas redes sociais, Hang rebateu críticas pela estratégia da Havan. Ao youtuber Felipe Neto, disse que estava “dentro da lei”. Ao deputado estadual Flavio Serafini (PSOL-RJ), disse que não via problema em vender arroz e feijão para escapar da quarentena.
Não demiti ninguém e não vejo problema em vender comida se nossas lojas têm autorização para isso. Informe-se melhor.
— Luciano Hang (@luciano_hang) May 20, 2020
*YAHOO