
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná (Adepol) classificou como “vítima da omissão estatal” o segurança Rogério Teixeira, de 44 anos, morto na madrugada de sábado (15) após “invadir” a sede da 10ª Subdivisão Policial (SDP) no centro de Londrina.
Conforme a Adepol, o “desmonte” do efetivo da Polícia Civil e a omissão do Estado contribuíram para o episódio.
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Rogério entrou na delegacia após quebrar a porta, e foi morto com um tiro pelo único policial de plantão no momento do ocorrido. Rogério estaria transtornado e teria avançado contra o agente.
Um vídeo flagrou o momento em que ele chega na SDP:
O policial, sem conseguir conter o rapaz sozinho disparou um tiro para alertá-lo, porém o disparo atingiu Rogério, que não resistiu e morreu no local. Ele sofria de transtornos psiquiátricos e fazia uso de medicamentos controlados contra depressão.
– O policial civil efetuou dois disparos de advertência. Na sequência, ele partiu para cima do policial e arrombou duas portas no interior da delegacia sendo necessário, nesse momento, que o policial efetuasse o disparo que acabou por alveja-lo. Na sequência, mesmo atingido pelo disparo de arma de fogo, esse rapaz perseguiu o policial dentro da delegacia fazendo com que o plantonista buscasse um abrigo no interior da delegacia para solicitar apoio. –
Disse o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Osmir Ferreira Neves, em entrevista coletiva na manhã de sábado.
Conforme o delegado, o policial estava sozinho no plantão por conta da demanda de diversas ocorrências naquela noite. O agente foi afastado de suas funções, e deve passar por avaliações psicológicas. Ele permanecerá afastado até o fim da investigação.
A Adepol emitiu nota oficial, e reiterou que a doutrina policial ensina que deveriam haver ao mínimo dois agentes na delegacia, e que o policial não poderia ter ficado sozinho durante o plantão:
“Se o policial estivesse com cobertura de outro agente, poderia ter imobilizado o agente agressor sem a necessidade do disparo, e essa morte poderia ter sido evitada”, afirma a associação.
“Tanto a entidade classista como o Ministério Público de Londrina tem demandas judiciais exigindo do estado a imediata contratação de policiais, esperamos que o Poder Judiciário tome em breve providências, de modo a evitar mais tragédias”, conclui a nota.
A Adepol também diz que o policial e o homem são vítimas da omissão do Estado:
“Se confirmar essa situação teremos nesse episódio duas vítimas da omissão estatal para com a Segurança Publica Paranaense, o policial que solitário que se viu obrigado a atirar, e o cidadão que teve sua vida ceifada”
Leia na íntegra:
“Recebemos informações de Delegados da região [de Londrina] dando conta de que o investigador estava sozinho no plantão policial, isso muito nos preocupa porque tem sido uma constante em pequenos municípios do interior, e a se confirmar trata-de uma triste realidade que chega também aos grandes centros como é o caso de Londrina. A doutrina operacional nos ensina que a unidade policial mínima deve ser composta por dois agentes, o investigador nunca poderia estar sozinho prestando qualquer serviço de natureza policial. A inobservância dessa regra gera tragédias como essas, se o policial estivesse com cobertura de outro agente, poderia ter imobilizado o agente agressor sem a necessidade do disparo, e essa morte poderia ter sido evitada. A Adepol tem denunciado sistematicamente o desmonte que a polícia civil vem sofrendo em matéria de efetivo, tanto a entidade classista como o Ministério Público de Londrina tem demandas judiciais exigindo do estado a imediata contratação de policiais, esperamos que o Poder Judiciário tome em breve providências, de modo a evitar mais tragédias. Vamos acompanhar a apuração do caso, que deve ser conduzido pela DH de Londrina, mas a se confirmar essa situação teremos nesse episódio duas vítimas da omissão estatal para com a Segurança Publica Paranaense, o policial que solitário que se viu obrigado a atirar, e o cidadão que teve sua vida ceifada.”
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