Mudança de zoneamento de bairro nobre de Londrina causa polêmica

Derick Fernandes
5 min de leitura
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Foto: Internet / SkycraperCity

Moradores de um dos bairros mais nobres de Londrina estão vivendo um impasse com a possibilidade da mudança de regras de zoneamento da região, localizada em um ponto que antigamente era afastado, mas hoje em dia está localizado em uma das áreas mais centrais da cidade.

O tema é polêmico já que parte dos moradores são contrários, enquanto outros são a favor das mudanças e consequentemente com a urbanização do bairro, tido hoje como uma “meca” de mansões espetaculares, além de câmeras de segurança espalhadas pelas ruas.

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina analisa o pedido de populares que pediram a alteração da zona residencial 1 para zona de uso misto 3, o que abre a possibilidade de nascer no Bela Suíça uma extensão da Gleba Palhano, com vários prédios, comércio de serviços e até indústrias leves.

Os moradores que são favoráveis a mudança encomendaram um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) em que, segundo o documento, aponta mais benefícios do que malefícios com a alteração.

O relatório por exemplo indica que, com o novo zoneamento haveria valorização imobiliária e melhor aproveitamento do espaço urbano com a manutenção de áreas de recreação e preservação ambiental no caso das margens do Lago Igapó, que acompanha o bairro.

Já acerca do barulho, o EIV indica que os empreendimentos que pretendem se instalar no bairro, não apresentam características suficiente para impactar a vizinhança.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

O Bela Suíça vem se transformando em um bairro opulente para ricos e endinheirados. Com o surgimento de empreendimentos, sobretudo voltado ao mercado de luxo, a especulação imobiliária liderada pelas construtoras tem protagonizado um embate por terrenos nas redondezas das avenidas Harry Prochet e Adhemar Pereira de Barros, que deve ser com o tempo uma espécie de “nova Madre Leônia”.

A especulação, por sua vez, quer fazer do Bela Suíca um novo boom econômico em Londrina, e consequentemente reaquecer o mercado da construção civil, que apresenta sinais de melhora.

Com isso, a tendência é que cada vez torres surjam na face leste das margens do Igapó, criando uma nova paisagem na cidade, mas por outro lado, gerando mais problemas urbanos também – como os congestionamentos, que já acompanham a vida de quem mora na Gleba Palhano.

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Gleba Palhano, na zona sul de Londrina, um dos bairros mais verticalizados do país – Foto: Colaboração / Arquivo

Essa preocupação opõe cerca de 55 moradores do Bela Suíça à proposta de alterar o zoneamento do bairro, hoje composto predominantemente por residências da elite antiga de Londrina.

A Associação de Moradores do Bela Suíça formalizou um ofício contrário à mudança. O documento cita que, de cem residências consultadas, 55 se opuseram a mudança.

O presidente Antônio Sergio Pardini explica que a nova proposta traria prejuízos como o aumento da insegurança no bairro, já que a prefeitura teria que retirar uma guarita construída pela própria associação num trecho projetado para futuramente abrigar o prolongamento da Avenida Madre Leônia Milito.

Esse prolongamento faz parte de um projeto ainda maior, o de construir sobre o Lago Igapó uma ponte conectando a Madre Leônia à Rua Souza Naves, algo que está distante de sair do papel.

Mas pelo plano inicial, a extensão até a Adhemar Pereira de Barros é possível e viável. É neste ponto em que o impasse encontra a posição contrária de parte dos moradores do bairro, que preferem preservar as características atuais da localidade, e não desejam que a “meca” se torne um ponto de circulação.

CAUTELA

O prefeito Marcelo Belinati disse que aguarda um posicionamento do IPPUL para que o plano seja discutido com mais profundidade. Ele lembra que este é um assunto delicado, e que precisa ter calma já que interfere em mudanças importantes para muita gente.

A mudança também depende de uma aprovação da Câmara Municipal. O tema zoneamento é assunto polêmico na casa de leis, já que em 2018 os ex-vereadores Rony Alves e Mário Takahashi foram detidos por conta de uma suposta fraude que investigava uma organização que lucrava este tipo de projeto.

Os vereadores não chegaram a ser cassados, mas acabaram não sendo eleitos em 2020.

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