Em um dia de tensão na polícia, o deputado federal de Maringá Ricardo Barros (PP) foi alvo de busca e apreensão do Ministério Público do Paraná (MP-PR). A investigação apura pagamento de propina de R$ 5 milhões em um contrato no ramo de energia eólica com a Companhia Paranaense de Energia (Copel). Ricardo Barros é ex-ministro da Saúde de Michel Temer, e atualmente exerce a liderança na Câmara Federal no governo de Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (16) o Gaeco cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Um dos alvos foi o escritório político de Ricardo Barros em Maringá, no Norte do Paraná.
INVESTIGAÇÕES
Diz o Ministério Público que o deputado intermediou a compra de ativos da empresa São Bento Energia, controlada pela Galvão Engenharia, por parte da Copel, nos anos de 2011 e 2014. Naquela época, Barros ocupava o cargo de secretário de Indústria e Comércio do Paraná. Em 2010, a Copel fez um chamamento público com o interesse de firmar parcerias para a contratação de energia eólica. O MP afirma que Eduardo de Queiroz Galvão, vice-presidente da Galvão Participações, teve interesse em vender à estatal paranaense participação da São Bento Energia. A São Bento era dona de quatro parques eólicos em construção. Segundo as investigações, Queiroz Galvão foi orientado a procurar Ricardo Barros, para que ele intermediasse a venda, pois o então secretário era muito articulado politicamente e tinha influências na gestão da Copel. Para a negociação, Barros pediu o pagamento de R$ 1 milhão, e ainda 1,5% do valor total que seria pago pela Copel na compra de ativos da São Bento Energia. Então, em novembro de 2011, Copel pagou R$ 38,9 milhões pela compra de R$ 49,9% dos ativos da empresa. Ainda conforme o Ministério Público, em dezembro de 2013, a Copel arrematou o restante da São Bento Energia por R$ 109,5 milhões. Nesta segunda negociação, ainda de acordo com a promotoria, Ricardo Barros pediu pagamento de R$ 1,2 milhões e 2,5% do valor da transação, ou seja, cerca de R$ 2,8 milhões.
PROPINA
Em delação premiada à Justiça Federal, Eduardo de Queiroz Galvão afirmou ter pago em espécie R$ 1.550.000,00 ao deputado federal Ricardo Barros pela venda da São Bento Energia à Copel. Os pagamentos foram feitos em parcelas entre outubro de 2013 e março de 2014. Ainda segundo o delator, Barros pediu que o restante do pagamento da propina fosse feito por meio de doações eleitorais ao diretório nacional do Partido Progressista. As entregas de dinheiro foram feitas por um funcionário da Galvão Engenharia. Algumas, inclusive, foram enviadas para uma outra pessoa, ligada à Ricardo Barros. O deputado então teria usado o dinheiro da propina para a compra de imóveis e na construção de um empreendimento.
TRANQUILO
Por meio de nota, o deputado federal Ricardo Barros expressou estar ‘tranquilo’ e está colaborando com as investigações. Ele não se posicionou, no entanto, sobre as denúncias de propina.