Empresários que compraram Sercomtel foram investigados por corrupção e lavagem de dinheiro

Por Derick Fernandes 2 comentários 6 min de leitura
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Leilão de venda da Sercomtel aconteceu em agosto de 2020 - Foto: Divulgação

O Fundo de Investimentos Bordeaux, que desde janeiro deste ano assumiu o controle administrativo da Sercomtel Telecomunicações, é citado em ao menos cinco ações da Polícia Federal por corrupção. Uma delas, inclusive, envolvendo o doleiro Alberto Yousseff, que é nascido e mora em Londrina.

Segundo dados obtidos pelo 24Horas, a corretora de valores mobiliários Planner, que representa a Bordeaux, é alvo de ações na PF que revelaram esquema de lavagem de dinheiro, fraude em fundos de pensão, além de outras acusações. O grupo é o mesmo comprou a Sercomtel a R$ 0,10 por ação, em um leilão realizado em agosto do ano passado na B3, em SP.

Em uma das ações em que a Planner é investigada, a Polícia Federal apurou que a empresa recebeu R$ 3,7 milhões de outra companhia, a GDF, entre os anos de 2009 e 2013. A GDF era usada pelo doleiro Alberto Yousseff para lavar dinheiro. O repasse da GFD para a Planner aparece entre os primeiros documentos analisados pela Polícia Federal depois da quebra de sigilo fiscal das empresas de Youssef, no âmbito da Operação Lava Jato.

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Empresa do doleiro Alberto Yousseff repassou dinheiro à Planner – Foto: Divulgação

Em 2010, a Planner repassou R$ 3,2 milhões para a construtora OAS. O Ministério Público Federal acusou que parte do dinheiro de Yousseff repassado à Planner foi usada para concluir as obras no Triplex do Guarujá, que foram iniciadas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), e que era presidida pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Tanto Vacari quanto Yousseff foram presos pela Lava Jato por causa dos crimes.

(ERRATA) — Cabe dizer ainda que a Planner, embora investigada em operações, foi submetida a auditoria na BM&F (Bovespa) que não constatou irregularidades em sua atuação. A informação é de sua assessoria de imprensa.

INVESTIGAÇÃO

A construtora OAS, que recebeu os valores da Planner, disse que a corretora teria sido usada apenas para emissão de debêntures (títulos da empresa).

Carlos Arnaldo Borges de Souza, um dos sócios da Planner, por sua vez, afirmou à época que o dinheiro que veio da GDF é referente à “compra e venda de ações” e reafirmou que o repasse de R$ 3,2 milhões seria resultado da compra de debêntures emitidas pela construtora, que deu o imóvel em hipoteca.

O processo tramita na 5ª Vara Criminal de São Paulo. A notícia foi publicada pela VEJA.

A Planner também foi investigada pela suspeita de provocar prejuízo milionário em fundos de pensão da Petrobrás e da Postalis (Correios). A empresa é investigada junto com outros 11 denunciados na operação Greenfield, cujo o Ministério Público Federal pediu o ressarcimento de R$ 560 milhões pelos danos gerados com o esquema.

FUNDO BORDEAUX

A Planner criou o Fundo Bordeaux em dezembro de 2019, mas ele permaneceu inativo durante todo o período. A Bordeaux só foi reativada em 4 de agosto de 2020, portanto, menos de 15 dias antes do leilão que venderia a Sercomtel ao grupo.

A Bourdeaux se comprometeu no repasse de R$ 130 milhões para a Sercomtel, com o intuito de capitalizar a empresa. Com o valor, a empresa obteve 97,4% das ações da Sercomtel; O restante disso, cerca de 2,6%, continuou sendo da Prefeitura de Londrina, Copel e sócios minoritários.

Essas ações seriam adquiridas pelo fundo posteriormente.

Nelson Tanure foi alvo de busca e apreensão em 2020 por pagamento de propina a um juiz – Foto: Arquivo

O Fundo Bordeaux é liderado pelo empresário Nelson Tanure e pelo ex-ministro das Comunicações em um dos governos Lula, Hélio Costa.

Em abril de 2020, Tanure foi alvo de busca e apreensão no âmbito de outra investigação, que apura pagamento de propina de R$ 1,68 milhão ao juiz João Amorim, com o objetivo de comprar duas sentenças favoráveis ao estaleiro Verolme Ishibrás, do Grupo Docas.

(ERRATA) — Segundo a assessoria de Nelson Tanure, ele foi excluído do processo que investigava a compra de sentenças. No entanto, à época dos fatos, o assunto foi evitado por causa das investigações.

As propinas teriam sido pagas em 2012 e 2014 e permitiram o embargo de ações de execução fiscal contra empresas de Tanure. A reportagem foi publicada pelo jornal O Globo.

Em setembro, Tanure e Hélio Costa estiveram em Londrina para assinar a transferência do controle da Sercomtel – Foto: Divulgação

COMPRA DA COPEL TELECOM

A mesma Planner, controladora do Fundo Bordeaux, também arrematou a Copel Telecom. O leilão aconteceu em novembro de 2020, também na B3.

Na ocasião, a Bordeaux ofereceu R$ 2,39 bilhões pelo controle da companhia, que inclusive, era uma das sócias da Sercomtel, de Londrina.

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Derick Fernandes é jornalista profissional (MTB 10968/PR) e editor-chefe do Portal i24.
2 comentários
  • O Sr. Nelson Tanure (Bordeaux), não comprou a Sercomtel, ganhou de presente do prefeito de Londrina e de seus comparsas.
    Participar de um leilão R$130 milhões sem efetuar pagamento de nenhum valor, é o mesmo que colocarmos nossa casa a venda e falar para o comprador, não precisa me pagar o dinheiro utiliza para reformar a casa.
    Engraçado né? Quem faria isso?

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