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Hospitais de Londrina confirmam colapso e pedem socorro a autoridades

Derick Fernandes - Jornalista
Foto: Divulgação / HU

O sistema de saúde não vai colapsar, ele já colapsou“. A frase é a da superintendente do Hospital Universitário de Londrina, Vivian Feijó. O maior hospital da região Norte do Paraná, que além de Londrina atende mais de 90 municípios, não está conseguindo dar conta do aumento expressivo de pacientes internados. Efeitos provocados pelo agravamento da pandemia de Covid-19.

Assim como o HU, outros hospitais de Londrina enfrentam a mesma situação. Na manhã desta sexta-feira (26) o Comitê de Crise, que reúne além dos hospitais, autoridades de saúde da cidade, confirmou o cenário de colapso. Além da falta de leitos, faltam também profissionais de saúde e medicamentos. E mesmo com a abertura de 20, 30 novos leitos, os números são insuficientes, porque a fila de espera de pacientes por uma vaga de UTI já é 63 pessoas só no HU e passa de 130 se considerar toda a região.

Chegamos a registrar 20 óbitos em um dia. Em 22 anos de carreira, nunca vivi algo parecido. Nunca tivemos uma pressão tão grande como nos últimos fins de semana. O sistema de Saúde não vai colapsar, ele já colapsou. Há uma grave crise no complexo de Saúde neste município que está esgotado. Estamos enxugando gelo”, disse Feijó na entrevista coletiva.

Foto: Reprodução

Além da falta de leitos de UTI no SUS, a rede privada também não tem mais vagas. Hospitais públicos e particulares de Londrina e região tem trabalhado juntos 24 horas por dia para transferir pacientes na tentativa de salvar vidas. Mas há um limite muito próximo de ser atingido.

Segundo a promotora Susana de Lacerda, do Ministério Público do Paraná, a abertura de leitos é insuficiente. Nos últimos dias foram quase 200 leitos exclusivos para Covid-19 que foram criados, e imediatamente esgotados. Falta recursos humanos, insumos e vagas, e segundo a promotora, toda a rede de saúde está comprometida. “Não queira ter uma fratura ou infarto neste momento”, declarou.

Susana enfatizou que a vacinação acontece, mas a passos lentos, e que por isso os profissionais de saúde pedem socorro. “Médicos estão exaustos e precisam da colaboração de toda a população, disse.

O comitê divulgou um alerta, assinado por todos os principais hospitais da cidade:

ALERTA À POPULAÇÃO DE LONDRINA E REGIÃO
NOTA CONJUNTA
ENTIDADES DE SAÚDE DE LONDRINA – 26/03/2021

Considerando a situação atual da Pandemia da COVID-19 no Paraná, com números alarmantes de novos casos na cidade de Londrina, o que repercute no aumento da procura por atendimento médico, necessidade de internação e consequente superlotação dos hospitais públicos e privados;

O Sistema de Saúde de Londrina está em sua capacidade máxima de prestação de atendimento, tanto no que se refere à infraestrutura física de leitos, quanto em relação à disponibilidade de materiais, equipamentos e recursos humanos especializados.

No que se refere aos materiais médico hospitalares, constatamos a escassez de produtos essenciais no mercado, em especial medicamentos anestésicos. O aumento expressivo no número de pacientes com a COVID-19, que necessitam de ventilação pulmonar mecânica, acarretou o aumento no consumo dessas drogas anestésicas (bloqueadores neuromusculares e sedativos) e, a reposição dos estoques das instituições públicas e privadas de saúde se encontra prejudicada em razão da insuficiência produtiva dos fabricantes frente à demanda crescente em todo território nacional.

Alertamos a população para a redução acelerada dos estoques desses medicamentos e outros itens imprescindíveis em todas as instituições de saúde de Londrina. Tal fato poderá comprometer, além do atendimento à COVID-19, a realização de procedimentos cirúrgicos e trazer prejuízos aos atendimentos da Rede de Urgência e Emergência, como os casos de trauma, de infarto, de AVC, dentre outros.

Quanto à disponibilização de profissionais especializados, a sobrecarga de trabalho tem resultado na exaustão física e emocional das equipes de saúde. Os profissionais submetem-se a extensas jornadas de trabalho, os gestores das instituições de saúde enfrentam o aumento progressivo dos afastamentos, além da dificuldade de contratação decorrente da ausência destes profissionais no mercado de trabalho.

Diante do iminente colapso do sistema de saúde e frente ao ritmo lento da vacinação no território nacional, reiteramos a necessidade da intensificação das medidas de orientação educativa, bem como dos esforços de todos no cumprimento das medidas sanitárias para evitar a disseminação da doença.

Na data de 23 de março de 2021 o Brasil registrou, pela primeira vez, mais de 3 mil óbitos pela COVID-19, portanto medidas emergenciais e mais rígidas precisam ser adotadas pelas autoridades para conter o avanço da doença.

O quadro atual ainda poderá deteriorar-se ainda mais, se não houver esforços efetivos de toda a sociedade. O momento exige o comprometimento de todos e somente a partir da união entre as autoridades sanitárias e técnicas, bem como da população, poderemos fortalecer as ações de combate à COVID-19, possibilitando aos Hospitais a prestação de assistência à saúde com segurança.

As entidades e hospitais abaixo fazem um apelo à população para que evitem aglomerações, mantenham o distanciamento social, usem máscaras e higienizem frequentemente suas mãos.

*Adotar medidas que visem conter a transmissão do Coronavírus é um dever de todos!

Faça a sua parte para que os Hospitais continuem atendendo e salvando vidas.

Sinheslor – Sindicato dos Hospitais de Londrina e Região
17ª Regional de Saúde
Associação Médica de Londrina
Prefeitura Municipal de Londrina
Unimed Londrina
Hoftalon de Londrina
Hospital do Câncer de Londrina
Hospital Evangélico de Londrina
Hospital Infantil Sagrada Família
Hospital Mater Dei
Santa Casa de Londrina
Hospital Universitário do Norte do Paraná
Hospital Zona Norte de Londrina
Hospital Zona Sul de Londrina

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