O brutal assassinato de Marley Gomes de Almeida, de 53 anos, e sua neta Ana Carolina Almeida Anacleto, de 11, ocorrido em 21 de março deste ano em Jataizinho, na Região Metropolitana de Londrina (RML), ganhou novos contornos com a revelação do autor do crime: João Vitor Rodrigues, de 24 anos.
Ele está preso por tráfico de drogas e confessou à Polícia Civil ter matado as duas vítimas durante uma saída temporária do sistema prisional. O caso, que chocou a população, teve uma reviravolta com a descoberta de que um inocente foi detido injustamente.
Segundo o delegado Vitor Dutra, responsável pela investigação, a confissão foi espontânea e partiu do próprio João Vitor, que ligou para a mãe dias após o crime e revelou o que havia feito. A mãe procurou imediatamente a polícia.
“A mãe nos procurou e disse que o filho havia ligado chorando, confessando o crime. Ele disse que estava atormentado com o que fez, que via as vítimas o tempo todo. Isso foi um ponto crucial para avançarmos na apuração”, relatou o delegado.
Mensagem com sangue e plano para enganar a perícia
Um dos detalhes que mais chocou a população na época foi a mensagem escrita com sangue na parede da casa, logo acima da cama onde os corpos foram encontrados. Estava escrito: “Desculpa mãe”, com erros de ortografia, seguida de um nome — que inicialmente foi interpretado como a assinatura do assassino.
Porém, o delegado esclareceu que a mensagem era, na verdade, um pedido de perdão à própria mãe do criminoso e ao filho da vítima, com quem ele tinha amizade.
“A mensagem não era uma assinatura. Era um recado. Ele sabia que aquilo teria impacto. Usar o próprio sangue foi uma tentativa de se redimir ou aliviar o peso da consciência. Era culpa pura”, afirmou Dutra.
João Vitor ainda tentou apagar suas digitais usando o perfume da vítima. A perícia confirmou que não foram encontradas impressões digitais no local do crime, o que reforça a versão apresentada por ele.
Execução por medo de ser reconhecido
A motivação do crime, de acordo com o delegado, foi o medo de ser reconhecido. João invadiu a casa em busca de dinheiro, furtou R$ 100 e, ao entrar no quarto, encontrou Marley e Ana Carolina dormindo.
“Ele amarrou as duas com lenços e afirmou que inicialmente não pretendia matá-las. Disse que queria apenas roubá-las e sair, mas decidiu matar por medo de ser identificado, já que conhecia a família”, relatou Dutra.
A crueldade do crime causou revolta. As vítimas foram encontradas lado a lado, com lenços amarrados no pescoço e cobertas por um edredom. O corpo de Marley ainda apresentava lesões causadas por golpes de faca.

Prisão de inocente e pressão popular
Antes da confissão, um homem de 42 anos chegou a ser preso temporariamente após ser identificado em imagens de segurança nas imediações da casa das vítimas. A gravação, de baixa qualidade, mostrava o suspeito segurando dois objetos que a população interpretou como armas brancas.
A divulgação da imagem gerou revolta popular. O homem foi espancado por moradores antes de ser detido pela polícia. Com a confissão de João Vitor, o delegado afirmou que o preso inocente sequer tinha capacidade de escrever, o que o afastava de qualquer suspeita em relação à mensagem de sangue.
“Foi um erro lamentável. A imagem era ruim e a pressão popular influenciou. Agora temos certeza de que ele é inocente”, explicou o delegado.
A defesa do homem já pediu sua soltura à Justiça, que deve analisar o caso nos próximos dias.
O caso também levanta questões sobre a saúde mental de detentos e o sistema de saídas temporárias. João Vitor cumpria pena por tráfico de drogas e foi beneficiado com a saída temporária no dia do crime.
“Ele relatou que se sentia confuso, emocionalmente abalado, e que já havia pensado em tirar a própria vida. Precisamos discutir a responsabilidade do sistema em acompanhar esses indivíduos”, afirmou o delegado.
A Polícia Civil agora finaliza o inquérito para apresentar o relatório ao Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia formal. João Vitor teve a prisão preventiva solicitada.