Duplo homicídio em Jataizinho: confissão revela pedido de perdão com sangue

Após quase dois meses de mistério, Polícia Civil esclarece assassinato de avó e neta com confissão de detento; outro homem foi preso injustamente.

Derick Fernandes
5 min de leitura
Divulgação: Este site contém links de afiliados. Ao clicar neles, você já ajuda a apoiar nosso trabalho, sem qualquer custo adicional para você. Cada clique faz a diferença e nos permite continuar trazendo conteúdo de qualidade! ❤️
Resumo
  • João Vitor Rodrigues, de 24 anos, confessou ter matado avó e neta durante uma saída temporária da prisão.
  • Escreveu pedido de desculpas com sangue na parede e tentou apagar digitais com perfume.
  • Disse que matou por medo de ser reconhecido, já que conhecia as vítimas.
  • Um homem inocente chegou a ser preso e agredido após ser confundido com o autor.
  • Delegado alerta sobre falhas no sistema penal e emocional dos detentos.

O brutal assassinato de Marley Gomes de Almeida, de 53 anos, e sua neta Ana Carolina Almeida Anacleto, de 11, ocorrido em 21 de março deste ano em Jataizinho, na Região Metropolitana de Londrina (RML), ganhou novos contornos com a revelação do autor do crime: João Vitor Rodrigues, de 24 anos.

Ele está preso por tráfico de drogas e confessou à Polícia Civil ter matado as duas vítimas durante uma saída temporária do sistema prisional. O caso, que chocou a população, teve uma reviravolta com a descoberta de que um inocente foi detido injustamente.

Segundo o delegado Vitor Dutra, responsável pela investigação, a confissão foi espontânea e partiu do próprio João Vitor, que ligou para a mãe dias após o crime e revelou o que havia feito. A mãe procurou imediatamente a polícia.

“A mãe nos procurou e disse que o filho havia ligado chorando, confessando o crime. Ele disse que estava atormentado com o que fez, que via as vítimas o tempo todo. Isso foi um ponto crucial para avançarmos na apuração”, relatou o delegado.

Mensagem com sangue e plano para enganar a perícia

Um dos detalhes que mais chocou a população na época foi a mensagem escrita com sangue na parede da casa, logo acima da cama onde os corpos foram encontrados. Estava escrito: “Desculpa mãe”, com erros de ortografia, seguida de um nome — que inicialmente foi interpretado como a assinatura do assassino.

Porém, o delegado esclareceu que a mensagem era, na verdade, um pedido de perdão à própria mãe do criminoso e ao filho da vítima, com quem ele tinha amizade.

“A mensagem não era uma assinatura. Era um recado. Ele sabia que aquilo teria impacto. Usar o próprio sangue foi uma tentativa de se redimir ou aliviar o peso da consciência. Era culpa pura”, afirmou Dutra.

João Vitor ainda tentou apagar suas digitais usando o perfume da vítima. A perícia confirmou que não foram encontradas impressões digitais no local do crime, o que reforça a versão apresentada por ele.

Execução por medo de ser reconhecido

A motivação do crime, de acordo com o delegado, foi o medo de ser reconhecido. João invadiu a casa em busca de dinheiro, furtou R$ 100 e, ao entrar no quarto, encontrou Marley e Ana Carolina dormindo.

“Ele amarrou as duas com lenços e afirmou que inicialmente não pretendia matá-las. Disse que queria apenas roubá-las e sair, mas decidiu matar por medo de ser identificado, já que conhecia a família”, relatou Dutra.

A crueldade do crime causou revolta. As vítimas foram encontradas lado a lado, com lenços amarrados no pescoço e cobertas por um edredom. O corpo de Marley ainda apresentava lesões causadas por golpes de faca.

destaques i24 12
Marley tinha 53 anos e a neta, Ana Carolina, 11. — Foto: Redes sociais

Prisão de inocente e pressão popular

Antes da confissão, um homem de 42 anos chegou a ser preso temporariamente após ser identificado em imagens de segurança nas imediações da casa das vítimas. A gravação, de baixa qualidade, mostrava o suspeito segurando dois objetos que a população interpretou como armas brancas.

A divulgação da imagem gerou revolta popular. O homem foi espancado por moradores antes de ser detido pela polícia. Com a confissão de João Vitor, o delegado afirmou que o preso inocente sequer tinha capacidade de escrever, o que o afastava de qualquer suspeita em relação à mensagem de sangue.

“Foi um erro lamentável. A imagem era ruim e a pressão popular influenciou. Agora temos certeza de que ele é inocente”, explicou o delegado.

A defesa do homem já pediu sua soltura à Justiça, que deve analisar o caso nos próximos dias.

O caso também levanta questões sobre a saúde mental de detentos e o sistema de saídas temporárias. João Vitor cumpria pena por tráfico de drogas e foi beneficiado com a saída temporária no dia do crime.

“Ele relatou que se sentia confuso, emocionalmente abalado, e que já havia pensado em tirar a própria vida. Precisamos discutir a responsabilidade do sistema em acompanhar esses indivíduos”, afirmou o delegado.

A Polícia Civil agora finaliza o inquérito para apresentar o relatório ao Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia formal. João Vitor teve a prisão preventiva solicitada.

Compartilhe