Bolsonaro defende direito de Putin ‘ocupar’ regiões da Ucrânia

Por Derick Fernandes Deixe um comentário 6 min de leitura
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Em uma declaração dada neste domingo (27), o presidente Jair Bolsonaro reafirmou a posição do Brasil de neutralidade em relação a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Bolsonaro disse que o ‘equilíbrio é necessário’ e lembrou que o Brasil depende do fertilizante russo, e ainda que essa é uma ‘questão sagrada’.

Mais de 80% dos fertilizantes usados na produção agrícola do Brasil é importante, e boa parte vem da Rússia. O país tem parceria comercial com os russos, um dos maiores produtores do insumo no planeta.

“Para nós, a questão do fertilizante é sagrada. E a nossa posição, como acertada com o ministro [das Relações Exteriores] Carlos França, bem como o senhor Ronaldo [Costa Filho, embaixador do Brasil na ONU] que nos representa no Conselho, é de equilíbrio. E nós não podemos, ao interferir, se bem que nós queremos a paz, temos uma colônia de ucranianos muito grande no Brasil, mas não podemos trazer consequência para cá”

Bolsonaro também declarou não tomar partido e continuar se mantendo na neutralidade, e ainda ‘ajudar no que for possível em busca da solução.

De acordo com o presidente, o Brasil tem negócios especiais com a Rússia.

“Estive há pouco conversando com o presidente [Vladimir] Putin, mais de duas horas de conversa, tratamos de muita coisa. A questão dos fertilizantes uma das mais importantes. Tratamos do nosso comércio e, obviamente, ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, que me reservo, como segredo, de não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam.”

Bolsonaro se reuniu com Putin em Moscou há dez dias, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.

O presidente também alegou que a posição brasileira no Conselho de Segurança da ONU é livre e não está atrelada a nenhuma potência mundial.

Na sexta-feira (25), o Brasil e outros 10 países foram a favor de uma resolução condenando o ataque russo ao território ucraniano e pedindo a retirada das tropas. A Rússia foi contra e vetou a medida. Neste domingo, o país também votou a favor de uma reunião emergencial da Assembleia-Geral para tratar do assunto.

“O Brasil faz parte do Conselho da ONU, nossa cadeira não é permanente. Há alguns dias foi votada uma resolução, o Brasil teve uma participação ativa nessa resolução, se vocês tomarem conhecimento, não tem nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin. E essa resolução, pelo que tudo indica, será novamente votada na terça ou quarta-feira. Deixo claro que o voto do Brasil não está definido ou atrelado a qualquer potência, nosso voto é livre e vai ser dado nessa direção.”

Em 16 de fevereiro na Rússia, Bolsonaro discursou ao lado de Putin. Nesse encontro, ele disse que se solidarizava com a Rússia diante da situação com a Ucrânia.

Imediatamente, os Estados Unidos fizeram uma dura crítica a Bolsonaro, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”.

O presidente disse, em 24 de fevereiro, que seria sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra na Ucrânia. “Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, disse Bolsonaro em uma live.

A fala dele foi após o vice-presidente Hamilton Mourão criticar a Rússia e declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos.Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior  do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, indicou Mourão.

“MASSACRE É EXAGERO”

Neste domingo (27), Bolsonaro repreendeu uma jornalista que chamou a guerra na Ucrânia de massacre. O presidente defendeu o direito do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ocupar as regiões separatistas de Donbass e Luhansk, no leste do país europeu.

A jornalista perguntou a Bolsonaro se era por causa da relatada intimidade com o homólogo russo que ele manteria a neutralidade diante da iminência de ter um massacre com civis na Ucrânia. O mandatário brasileiro, então, retrucou: “Você está exagerando na palavra massacre.”

“Eu entendo que hão há interesse de um chefe de Estado em praticar um massacre. Ele [Putin] está sem empenhando em duas regiões no sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente e se aproximar da Rússia. É isso que está acontecendo”, acrescentou.

A jornalista destacou a disparidade bélica dos países. “Equipamento de guerra é para matar. A gente sabe disso aí. Quer que eu fale o quê? Presidente faça isso ou faça aquilo?”, respondeu. “O povo [ucraniano] confiou num comediante o destino de uma nação. Ele [Volodymyr Zelensky] tem que ter equilíbrio para tratar dessa situação aí”, acrescentou.

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Derick Fernandes é jornalista profissional (MTB 10968/PR) e editor-chefe do Portal i24.
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