Deputado causou morte de idosa em acidente em Goiás, mas caso foi abafado

Acidente que aconteceu em junho não foi noticiado por nenhuma mídia. PRF abafou o caso e não enviou ao MPF pedido para investigação.

Derick Fernandes - Jornalista
Sóstenes Cavalcante estava envolvido em acidente abafado pela PRF
  • Publicado em 24 de setembro de 2022

Em meados do final de junho de 2022, Irma Diniz da Cruz, de 81 anos, moradora da cidade de Paracatu (MG) seguia para Brasília (DF) onde passaria por consultas médicas em clínicas da capital. A viagem de 232 quilômetros e quase três horas de duração foi tragicamente interrompida na metade do caminho, já em Cristalina, no estado de Goiás.

Irma estava a bordo de uma caminhonete Mitsubishi ASX placas QQS-0686 de Paracatu. Além dela, também haviam outros ocupantes do veículo, que não foram identificados.

A sequência de fatos começa quando na BR-040, em uma rotatória, um Toyota Corolla blindado se aproxima com velocidade, e violentamente atinge o carro em que Irma viajava. A idosa é socorrida, mas morre em 30 de junho no Hospital Santa Lúcia, em Brasília.

Honda Civic de Sóstenes bateu no carro da idosa

Quem conduzia o Corolla alugado era o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados.

Caso abafado

A reportagem do Portal i24 apurou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atendeu a ocorrência, mas o caso nunca foi noticiado pela mídia local de Cristalina, tampouco chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal (MPF) para investigação.

Em um contato telefônico com a PRF ficou confirmado que Sóstenes, de fato, estava envolvido neste acidente. Mas, diferente dos demais casos, em que a ocorrência é submetida a investigação por envolver vítimas, o acidente com Sóstenes foi engavetado e a responsabilidade não foi apurada. A morte de Irma foi meramente ignorada.

A lei (artigo 302 e 303 do CTB) determina que casos de acidentes com morte sejam investigados – ou pela autoridade policial quando envolve civis, ou, se envolvendo uma autoridade federal como Sóstenes, seja remetido para o MPF através da Procuradoria-Geral da República.

Caso fique comprovado a prática de homicídio doloso, quando se assume o risco de matar, o motorista pode ser preso, ou ele ainda responder em liberdade por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar, ou ainda ser responsabilizado criminalmente na situação em que fique evidenciada a responsabilidade do causador, como por exemplo dirigir em alta velocidade.

A PGR disse que o fato que matou Irma não foi alvo de inquérito, aliás, sequer foi enviado ao órgão para apreciação. Já a Superintendência da Polícia Federal em Brasília foi consultada mas não respondeu às perguntas encaminhadas via e-mail, embora tivessem ciência da necessidade urgente de esclarecer o tema.

Carro que levava Irma ficou destruído

De acordo com a certidão de óbito de Irma, expedida pelo 2º Ofício de Registros de Brasília, ela morreu vítima de politraumatismo e traumatismo craniano grave, em decorrência da violência da batida. As imagens do carro destruído evidenciam isso, apesar de não existir laudos que atestem a velocidade na qual trafegava o carro do parlamentar.

O que o deputado diz

Procurado pelo Portal i24 (antes, 24H News), Sóstenes Cavalcante confirmou o acidente, mas disse não se lembrar da velocidade que conduzia o Corolla no momento da batida.

Por meio da assessoria, Sóstenes mencionou que a colisão aconteceu em uma rotatória, e que prestou apoio à família de Irma Diniz. Ele não deu mais detalhes da situação e não esclareceu de que forma houve o acidente.

Família não comentou

A reportagem também entrou em contato com uma das filhas da vítima em Paracatu. A família, porém, não comentou o episódio por temer represálias. Houve resposta através do WhatsApp, mas os questionamentos não foram retornados até o fechamento.

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