LONDRINA, PR – Novos trechos da delação de Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor, vieram a tona no início da tarde desta sexta-feira (01). As informações foram divulgadas em primeira mão pela RPC TV de Curitiba.
A construtora Valor é investigada pela Operação Quadro Negro, que apura desvios na ordem de R$ 20 milhões da Secretaria Estadual de Educação (SEED).
O dinheiro, que serviria para pagar a construção de seis novas escolas, segundo o empresário foram aplicados em campanhas políticas, entre elas a do governador Beto Richa (PSDB), do presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB) e do deputado eleito por Londrina, Tiago Amaral (PSB), filho do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Durval Amaral.
De acordo com o conteúdo da delação, Maurício Fanini, ex-diretor da SEED em 2014, acertou em uma reunião sem a presença de Eduardo, o pagamento de R$ 100 mil a Traiano, valor que teria sido entregue pessoalmente ao deputado na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP).
Na ocasião, Traiano teria pedido mais dinheiro.
O delator também revelou que fez mais entregas de R$ 100 mil a Ademar Traiano; Duas delas ocorreram na ALEP e uma na casa do deputado.
Tiago Amaral recebeu R$ 50 mil
O ex-diretor da SEED também sugeriu que o dono da Valor tivesse alguém no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Eduardo pensou em procurar o conselheiro Durval Amaral, pai de Tiago Amaral, que na época era candidato a deputado estadual.
Eduardo Lopes de Souza teria combinado então, com uma pessoa ligada a Durval, entregar R$ 50 mil no comitê do deputado para ajudar em seu caixa dois de campanha.
“O valor em espécie foi repassado a uma assessora e levado para outra sala. Em seguida, ela retornou com Durval Amaral que agradeceu o apoio e disse que estaria à disposição. Tiago também agradeceu pelo valor” concluiu Eduardo.
Outro lado
Em nota, o governador Beto Richa negou as acusações:
“O governador Beto Richa classifica as declarações do delator como afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena. Tais ilações sequer foram referendadas pela Justiça. E suas colocações são irresponsáveis e sem provas. O governador afirma que nunca teve qualquer contato com o senhor Eduardo Lopes de Souza e sequer fez ou pediu para alguém fazer qualquer solicitação a essa pessoa para a campanha eleitoral de 2014. Todas as doações eleitorais referentes à eleição de 2014 seguiram a legislação vigente e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O governador lembra ainda que foi a própria Secretaria de Estado da Educação que, em abril de 2015, detectou disparidades em medições de algumas obras de escolas e abriu auditoria interna sobre o caso.”
O presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano, também negou as acusações e as classificou como infundadas e sem provas.
A assessoria de imprensa do deputado Tiago Amaral disse que ele não teve acesso ao processo, e que está à disposição da Justiça.
Já o conselheiro Durval Amaral, por sua vez, disse não conhecer o delator e que a citação do nome dele pode ter sido represália, após ter determinado a suspensão de pagamentos e contratos da Valor.