Curitiba é a cidade paranaense que tem o maior número de casos de coronavírus, e também a que mais registrou mortes pela doença no estado. São 623 confirmações e 23 óbitos até o último boletim divulgado ontem (03).
Mas mesmo isso, não sensibilizou o prefeito Rafael Greca. A capital não apresentou nenhuma medida efetiva de auxílio à população mais pobre. Contrário disso, aprovou um pacote de R$ 200 milhões para socorrer os grandes empresários do transporte coletivo.
A atitude do prefeito de Curitiba remonta o período pós-eleições de 2016. Uma das primeiras conversas de Greca após tomar posse, em fevereiro de 2017, foi com Donato Gulin, da família que é dona de 70% dos ônibus na capital.
Os R$ 200 milhões sairão do caixa da prefeitura, portanto, imposto dos curitibanos. O valor será um socorro financeiro para as empresas, que alegam prejuízos por conta da queda no número de passageiros. Nos últimos anos as empresas sempre alegaram estar no vermelho, e não se contentaram com os reajustes da tarifa.
A realidade, porém, é diferente. As empresas que tem lucros na casa de R$ 500 milhões demitiram funcionários, removeram custos operacionais e modernizaram boa parte da frota que circula na capital com um investimento muito menor – cerca de R$ 60 milhões.
O deputado Fernando Francischini questionou nas redes sociais o prefeito Greca por conta do valor expressivo. Curitiba tem R$ 500 milhões para combate ao coronavírus. As cifras que serão entregues aos empresários, representam 40% desse total.
“Isso e vergonhoso. Em plena pandemia, empresas quebrando e demitindo pais e mães de família em Curitiba, e o prefeito aprovando na Câmara esse projeto absurdo”, disse.
A assessoria de comunicação da prefeitura de Curitiba não se posicionou sobre o assunto. O prefeito Greca se limitou a dizer que parte dos R$ 200 milhões serão usados para desinfectar os terminais de ônibus da capital.