O relatório parcial da Polícia Federal acerca do inquérito que investiga os atos antidemocráticos expôs fatos relevantes sobre a conduta do jornalista Oswaldo Eustáquio enquanto sua esposa, a também jornalista Sandra Terena, estava nomeada como Secretária Nacional de Políticas de Igualdade Racial. Sandra foi demitida pela ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, depois que os fatos vieram à tona e o marido dela foi preso por ordem do STF.
Segundo o relatório, Ariane da Paixão era a babá dos três filhos de Oswaldo ao mesmo tempo que era nomeada em um cargo comissionado de R$ 4 mil mensais na mesma secretaria comandada por Sandra, que por sua vez tinha o poder de nomear os membros de sua equipe. O documento relata que Ariane era responsável por cuidar das crianças enquanto o casal não estava.
Conversas de WhatsApp comprovam o vinculo entre eles, e revelam ainda que Ariane fazia além do serviço de babá, outras atividades para Sandra, como por exemplo marcar salão de beleza para ela. As conversas foram extraídas do celular de Sandra Terena, apreendido pela Polícia Federal no ano passado para perícia. As mensagens foram trocadas em 07/10/2019.
Detalhes da conversa:
– Ariane: Tá bom |
Em outro chat, Sandra pede que Ariane marque para ela uma sessão na manicure e pedicure:
Detalhes da conversa:
– Sandra: Ari |
A suspeita da PF é que Ariani recebesse salário pelo Ministério para realizar trabalhos particulares como empregada da família Eustáquio. A investigação ainda identificou que até mesmo a conta de telefone na casa do jornalista estava em nome de Ariane, comprovando o vinculo entre os dois, além de grande intimidade, já que a mulher emprestou o nome para eles.
A revelação consta na página 630 do relatório. O documento estava em sigilo de justiça, no entanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu na última sexta-feira (04) pela retirada do segredo.
PASSAGEM AÉREA
Outro detalhe apontado no inquérito é o pagamento de passagens aéreas para Oswaldo Eustáquio viajar de Curitiba a Brasília. De acordo com o relatório, em fevereiro de 2019 o jornalista foi ao Distrito Federal com uma passagem paga pelo Governo.
A justificativa da viagem teria sido a “nomeação de Sandra no ministério”, porém, na data da viagem Sandra já estava nomeada há quase um mês e no dia específico não estava nem no Brasil, mas cumpria agenda em Sucre, na Bolívia.
O QUE DIZ O MMFDH
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos para comentar sobre os atos de Sandra Terena enquanto secretária entre 2019 e 2020. A pasta informou que Sandra foi desligada no ano passado e que colabora com autoridades na apuração e eventuais condutas irregulares.
A ex-secretária não foi localizada para comentar o assunto.