Quatro ônibus de viagem da viação Expresso Nordeste foram disponibilizados para transportar manifestantes durante o protesto deste domingo (21) na Avenida Higienópolis, em Londrina.
O protesto foi convocado pelo pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Central de Londrina (IPCL), reverendo Osni Ferreira, em um vídeo que circulou as redes sociais no final de semana.
O protesto tinha como objetivo criticar medidas de restrição (lockdown), defender “tratamento precoce” para a Covid-19 com o uso de cloroquina.
A empresa é a mesma que cedeu um ônibus ao deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), para que fosse usado na coleta de assinaturas de apoio à fundação do “Aliança pelo Brasil”, partido político que seria fundado pelo presidente, mas que acabou não vingando justamente pela falta de assinaturas válidas.

Na ocasião, o ônibus, que foi adesivado com o logotipo do futuro partido, ficou estacionado no terreno da Igreja, que por sua vez apoiou abertamente a criação da legenda pedindo, inclusive, que seus fiéis assinassem a ficha de apoio. O pedido foi feito durante um culto religioso.
Os veículos, porém, foram dispensados por falta de passageiros. Eram aguardadas mais de 200 pessoas para o ato, porém choveu e muito manifestantes foram embora ou decidiram não participar do protesto.
ERRATA:
Anteriormente mencionamos que os ônibus haviam sido disponibilizados pela Igreja Presbiteriana Central de Londrina. A informação é equivocada e é oportuna a correção: A Igreja enquanto instituição não participou da organização do ato e nega que tenha disponibilizado ônibus para seus fiéis. Em nota a IPCL ressalta que o vídeo é de autoria única e exclusiva de Osni Ferreira, e que não divulgou o material em seus meios oficiais de comunicação. Informação corrigida às 19h28.
PROTESTO
Foi o próprio reverendo Osni Ferreira que convocou as manifestações deste domingo. Osni, que além de pastor é empresário e pré-candidato a deputado em 2022 foi às redes sociais para dar eco ao convite do protesto, em um momento que a pandemia deixa mais de 2 mil mortos por dia no Brasil e superlota hospitais em vários estados e municípios, inclusive em Londrina, onde há vários dias a ocupação dos leitos de UTI está acima de 90%.
O protesto convocado por Osni teve a adesão de políticos da cidade. Entre eles o próprio deputado Filipe Barros e a vereadora Jessicão (PP), que é do mesmo partido do prefeito Marcelo Belinati – este último que por sua vez se posicionou contra a manifestação e sugeriu que os participantes “doassem sangue” ao invés de aglomerar.
A repercussão do vídeo de Osni convocando o protesto levou o Ministério Público do Paraná (MP-PR) abrir procedimento contra o pastor para apurar a conduta dele. Ele pode ser denunciado por crime contra a saúde pública, caso a promotoria entender que a ação tomada pelo religioso pode agravar a situação na pandemia.
CONTROVÉRSIAS
No fim dos anos 90, Osni Ferreira e o irmão dele, Eleazar Ferreira, foram alvos de investigação e ação judicial por causa de um rombo nas contas do Hospital Evangélico de Londrina, que na época era gerenciado pelo Instituto Filadélfia (atual UniFil).
Denúncias levaram em conta que Osni e o irmão utilizavam recursos do hospital para pagamento de despesas pessoais, como gastos em restaurantes, roupas, bebidas e até um programa de TV que era apresentado pelo reverendo na Rede CNT.