Beyoncé leva a estatueta de “Álbum do Ano” na 66° edição do Grammy com o aclamado “Cowboy Carter”. A categoria é uma polêmica que acompanha a carreira da cantora há anos.
Em 2015, a artista perdeu a categoria com o seu autointitulado “BEYONCÉ” para o cantor de rock Beck. A cerimônia gerou revolta nos fãs e em diversos artistas já que a artista havia feito história com o seu disco lançado de surpresa. O projeto, inclusive, moldou o funcionamento da indústria fonográfica, com o seu lançamento tendo sido feito em uma sexta-feira, antes era comum que os artistas o fizessem nas terça-feiras, mas após o sucesso fenomenal do “BEYONCÉ”, hoje, todos os álbuns vão para os aplicativos de streaming às sextas-feiras.
Em 2017, a polêmica foi ainda maior, após lançar “Lemonade” álbum que foi classificado como o melhor projeto do século 21 pela revista Rolling Stone, Beyoncé perdeu a categoria para Adele. Na ocasião, Adele dedicou o seu prêmio a Beyoncé e exaltou a importância do disco para a indústria musical, especialmente para os afro americanos. Desde o seu lançamento, a primeira dama da música foi o assunto principal na mídia, “Lemonade” narra a trajetória de Beyoncé desde a descoberta da traição de seu marido, Jay-z, até o perdão, mas, pela perspectiva da mulher negra, que por incontáveis vezes é negligenciada.
Os debates acerca do racismo escancarado do Grammy se intensificaram. Beyoncé se junta a Natalie Cole, Whitney Houston e Lauryn Hill como as únicas quatro mulheres negras a venceram o prêmio mais importante da noite, em uma celebração que existe há 66 anos. Em uma indústria com nomes como Diana Ross, Janet Jackson, Aretha Franklin, Mariah Carey, Nina Simone, Tina Turner e muitas outras, como apenas quatro mulheres negras venceram “Álbum do Ano”?
Infelizmente, a lista não para por aí, em 2023, Beyoncé perdeu a mesma categoria com o disco “Renaissance” para o cantor britânico Harry Styles. A este ponto, a mídia passou a questionar o que mais Beyoncé deveria fazer para finalmente ter seu nome selecionado como o melhor da noite.
“Renaissance” é um projeto de house/ballroom que celebra a cultura LGBTQ+, afro-americana e latina underground , dominou as paradas de sucesso e se tornou o assunto principal no mundo da música por meses. Por isso, a derrota não era esperada para Beyoncé aquele ano, principalmente após o vexame causado na edição de “Lemonade”.
Mas, em 2025, a primeira dama da música – finalmente – levou a estatueta pra casa com seu também aclamado “Cowboy Carter”. O álbum trouxe de volta o protagonismo negro ao country, que tem raízes negras, mas sofreu um apagamento cultural ao longo dos anos. Beyoncé estende o seu recorde como a artista com mais indicações e vitórias na premiação e se consagra mais uma vez como a artista mais importante de sua geração.