A CPI da Covid terá início entre 22 e 29 de abril, e serão convocados ex-ministros, funcionários técnicos da Saúde, para que se avaliem investigações já iniciadas no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério Público Federal (MPF). O objetivo é avaliar a compra de vacinas e a promoção por parte do Governo federal de remédios sem eficácia comprovada, como a cloroquina.
Mesmo Bolsonaro tentando dividir a culpa da crise atual com governadores e prefeitos, conseguindo incluir os repasses feitos a Estados e municípios no escopo de investigação da CPI, os trabalhos da comissão instaurada no Senado terão como principal alvo o então presidente.
O futuro presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), afirma que por mais que o cidadão brasileiro esteja acostumado a testemunhar esse tipo de investigação política, essa será diferente das outras. “Essa não será uma CPI abstrata, na qual a pessoa olha para um político na TV e diz: ‘ah, são todos bandidos’. Essa CPI estará dentro da casa de cada brasileiro. Porque vamos tratar da morte de centenas de milhares de pessoas, não de crimes de corrupção. E todos os brasileiros conhecem alguém que morreu de coronavírus”.
A CPI será formada por 11 senadores titulares que terão como missão delimitar onde o presidente acertou e onde errou durante a pandemia. Desde março de 2020, Bolsonaro se mostrou contrário a inúmeras recomendações de saúde: desestimulou o distanciamento social e o uso de máscaras de proteção facial, promoveu aglomerações, incentivou o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento de covid-19, como cloroquina e ivermectina e negligenciou a compra de vacinas.
Além disso, os parlamentares também investigarão os atos do governo em meio ao colapso sanitário de Manaus, quando dezenas de pessoas morreram porque as unidades de saúde onde elas estavam internadas não tinham cilindros de oxigênio.
O presidente tem apenas quatro membros de apoio na CPI, sendo eles Marcos Rogério, Ciro Nogueira (PP-AL), Jorginho Melo (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE). Como estratégia para obter mais apoio na CPI, Bolsonaro estuda entregar cargos de primeiro e segundo escalões na máquina federal aos outros membros considerados independentes da comissão. Os principais alvos seriam Omar Aziz e Eduardo Braga (MDB-AM), Otto Alencar, Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan Calheiros. A CPI é complementada pelos opositores Randolfe e Humberto Costa (PT-CE).