Neste domingo (8), o Cruzeiro viajou até Caxias do sul para enfrentar o Juventude, a Raposa saiu vitoriosa por 1 a 0 com gol do jovem Tevis. O duelo foi válido pela 38ª e última rodada do Campeonato Brasileiro. A vitória deixou o Cabuloso classificado para a fase de grupos da Copa Sul-Americana, o que chateou os torcedores que tinham esperança de chegar ao G-8, e então, conquistar a tão sonhada vaga na Libertadores 2025.
Desde a derrota de 3 a 1 diante o Racing da Argentina na final da Sul-Americana, o técnico Fernando Diniz é pressionado pela torcida para acabar o Brasileirão no mínimo em 8º lugar, já que uma das metas do ano dita até pelos dirigentes do clube era participar da Libertadores 2025. Com a vitória na última rodada, Diniz acaba a temporada com cerca de 26% de aproveitamento, somando, em 15 jogos; seis derrotas, seis empates e apenas três vitórias.
Na coletiva pós-jogo, o técnico foi perguntado sobre a construção da partida e do placar e o que o técnico achou da vaga tão sonhada no G-8 que foi perdida por apenas um ponto:
Eu acho que foi uma vitória justa, o primeiro tempo a equipe jogou bem, quando você começa a mexer muito em uma time que já ta muito mexido, a tendência é perder um pouco do entrosamento, então a gente sofreu um pouco mais no segundo tempo do que devia, entretanto, tivemos um pênalti não marcado, um pênalti claríssimo na minha opinião, assim como a expulsão do Veron contra o Grêmio que poderia ter mudado a sorte do Cruzeiro na competição para a pré-Libertadores, como outros momentos que eu acho que a arbitragem atrapalhou Cruzeiro só na minha passagem por aqui. Muita frustação (não conseguir a vaga na Liberta), o Cruzeiro merece disputar grandes competições, mas o Campeonato Brasileiro é um campeonato muito difícil, você vê que a gente chegou na última rodada com grandes equipes com chance de cair, como o Atlético-MG, Fluminense e até o Athletico-PR.
Ainda sobre a vaga, Diniz foi perguntado sobre o que faltou nessa caminhada e se o técnico se arrependia de algo
Aquilo que foi feito em termos de trabalho desde que cheguei aqui eu não tenho queixas de maneira absoluta, acho que a gente trabalhou muito, os jogadores se dedicaram ao máximo, e tivemos uma série de fatores que não permitiu que o Cruzeiro pudesse ter a tão sonhada vaga na pré-Libertadores ou até na Libertadores. […] Os resultados foram muito ruins, eles não são defensáveis, mas se vocês tiverem um pouquinho só de capricho, eu posso falar que jogo é jogo, desde que eu cheguei aqui que era pra gente ter resultados muito diferentes, então tem trabalho, pra ter resultado diferente. Hoje por exemplo era um jogo que poderia ter perdido, porque eles criaram chance e o futebol é assim, a gente fica vivendo dessa cultura de resultado imediato, é um imediatismo muito grande, e acaba desrespeitando os processos e a gente fica caminhando pra trás de maneira geral. O que eu posso dizer é que me dediquei ao máximo, com a seriedade máxima que eu tenho, sem ceder a esse sistema perverso que acha que uma pessoa boa é ruim por conta de uma placar final do jogo, em mim não vai colar.
Pego de surpresa no meio da entrevista, foi dito que o técnico não continua no Cruzeiro, perguntado sobre como Diniz analisa essa situação de deixar o Cruzeiro e não iniciar o planejamento para 2025, o técnico completa aflito:
[…] Eu me sinto extremamente desrespeitado que estou sabendo isso pela imprensa, Alexandre Matos me chamou e falou que tudo pode acontecer, de uma maneira muito vaga, mas eu não posso admitir que uma pessoa me mande uma matéria quinta-feira (estou sabendo disso desde quinta-feira, vocês sabem disso), a Itatiaia sabe muito mais do que vai acontecer comigo do que eu mesmo, eu acho um desrespeito muito grande, me sinto extremamente desrespeitado porque eu tive inúmeras propostas de trabalho e vim aqui trabalhar no Cruzeiro, então pra mim é um desrespeito, porque não teve clareza nas coisas […] Eu sou homem para vim aqui e terminar, porque eu nunca deixei um trabalho na minha vida, porque eu sei daquilo que eu faço. O trabalho foi bem realizado e teve um resultados ruins, em algumas partidas nós jogamos mal, e o trabalho do técnico é por aquilo que o time produz, se fosse pra fazer isso comigo não devia ter me contratado e eu também não devia ter vindo, mas eu não me arrependo de fazer o que eu fiz, eu fiz o certo. ”
[…] Eu estou no futebol há 40 anos, é isso que a gente tem que saber conviver, aqui a imprensa sabe antes dos profissionais que estão dentro, o que é pra dentro vale só se ganhar o jogo, eu não vivo assim, acho uma mediocridade. Eu luto a minha vida inteira por conta disso, não me resumo a placar final de partida. Eu sou muito mais do que campeão da Libertadores, eu sou uma pessoa. É isso que vocês têm que fazer com os jogadores, agora o Tevis fez um gol e vocês (imprensa), vão exaltar, mas se um dia ele perder dois gols, ele não presta mais para jogar no Cruzeiro. Ou ganha ou sai em dois meses, pra que isso aí? ”
Diniz também comentou sobre a polêmica que envolveu a nova gestão do Cruzeiro e o antigo técnico – Fernando Seabra – sobre áudio vazado por Pedro Loureço pedindo para escalar jogador dos reforços, e como era o dia a dia com a gestão até antes o papo da demissão. O técnico afirmou ter tido um dia a dia ótimo e diz ter falado tudo o que disse caso se confirme a demissão do mesmo.
Até agora ninguém me falou ‘você ta demitido’, eu acho uma maneira espúria fazer isso com qualquer um. Caso isso não se confirme, porque eu espero que seja mentira porque eu custo acreditar que uma pessoa chega em uma semana e fala ‘você aqui até o final de 2025 pelo menos’, e depois de uma semana você está fora. Não tem nenhum problema, chega e fala que não tem resultado, você tá fora, eu aceitaria numa boa, mas nessas condições não, é muita falta de convicção.” – completou Fernando Diniz.
Até o momento, o futuro de Diniz é incerto e será definido pela gestão do Cruzeiro em uma reunião que estava prevista nesta segunda-feira (9).