Câmeras de segurança flagraram o momento em que policiais militares disparam contra o carro do jornalista Andrei Francisquini, morto aos 35 anos durante uma abordagem de rotina na Praça da Espanha, no bairro Batel, em Curitiba.
O caso aconteceu na madrugada de domingo (12). Os policiais naquele dia disseram se tratar de um confronto, e que o rapaz estava armado. A versão é contestada pela família de Andrei, que diz que o jornalista não gostava e não possuía armas.
Os disparos já foram feitos na Avenida Vicente Machado, antes da Praça da Espanha. A versão contraria a apresentada pela Polícia Militar (PM). O carro de Andrei estava parado quando os policiais o cercaram, como mostrado nas imagens.
Na nota enviada à imprensa no domingo, a PM disse que o carro foi abordado na Vicente Machado, que o motorista não acatou a ordem e arrancou o carro de maneira brusca. Então, de acordo com a nota, a equipe policial iniciou uma perseguição.
Leia um trecho:
“Já na rua Fernando Simas o veículo parou, a equipe tentou nova abordagem, mas ele não acatou e engatou marcha à ré e quase atropelou os policiais. Ele também bateu em um veículo gol que estava estacionado. A equipe policial atirou no pneu do carro na tentativa de pará-lo, mas ele continuou avançando contra os policiais, que atiraram novamente”.
A polícia disse que pediu abertura imediata de inquérito para apurar os disparos efetuados inicialmente pelos policiais ainda na Vicente Machado.
COM A FAMÍLIA
Andrei Francisquini havia acabado de sair de um jantar em família antes de ser morto. Depois da confraternização, ele disse à mãe – Daisy Orsinique – que levaria um amigo até Campo Largo, na Região Metropolitana da capital, e que não demoraria.
Ele combinou que tomaria um café da manhã com a mãe no domingo, que foi Diá das Mães.
“Uma mãe atrás do seu filho morto, na expectativa que fosse tomar café. É uma dor irreparável”, desabafou Daisy.
Ela ainda contou que Francisquini estava com a prestação do veículo atrasada sobre o IPVA vencido. Por isso ela acredita que o filho possa ter fugido da abordagem devido às pendências do automóvel.
ARMA NO CARRO
A mãe do jornalista também disse que ele não tinha arma no carro, contrário do que afirma a Polícia Militar (PM). De acordo com a PM, uma arma foi apreendida com ele. Além disso, a polícia disse que o homem reagiu, como se fosse disparar nos policiais.
Andrei Francisquini morreu antes da chegada do Siate para prestar socorro.
16 TIROS
Uma testemunha que preferiu não ser identificada informou que ouviu tiros na Vicente Machado. Ele contou também que viu o momento que a Polícia Militar iria abordar um veículo Corsa, e que alguns segundos depois foram ouvidos cinco disparos.
A Polícia Civil já informou estar analisando o caso e, se for verificado que a competência não é exclusiva da Justiça Militar, a corporação vai instaurar inquérito policial sobre o caso.
LEIA A NOTA DA PM ENVIADA EM 12 DE MAIO:
“Conforme registro em Boletim de Ocorrência, em patrulhamento pela Avenida Vicente Machado uma equipe policial viu um homem manuseando arma de fogo dentro de um veículo corsa branco e tentou abordá-lo, mas o motorista não acatou a ordem de abordagem, e arrancou com o veículo de maneira brusca. A equipe policial iniciou, então, um acompanhamento tático. Na fuga o carro colidiu com um veículo voyage e continuou fugindo.
Já na rua Fernando Simas o veículo parou, a equipe tentou nova abordagem, mas ele não acatou e engatou marcha à ré e quase atropelou os policiais. Ele também bateu em um veículo gol que estava estacionado. A equipe policial atirou no pneu do carro na tentativa de pará-lo, mas ele continuou avançando contra os policiais, que atiraram novamente. A equipe, então, se aproximou e verificou que o homem estava ferido. O Siate foi acionado para socorrê-lo, mas quando chegou constatou o óbito.
Ainda, conforme consta em Boletim de Ocorrência o homem estava com uma pistola calibre 9mm no colo. A equipe policial acionou a perícia, que recolheu a arma. O veículo corsa foi apreendido pela equipe policial para os procedimentos.
Consultado no sistema, verificou-se que o veículo já havia fugido de uma abordagem policial em 30/03/19, após o condutor ter sido visto efetuando disparos de arma de fogo em via pública. Também consta no sistema um encaminhamento deste mesmo homem, em 2015, na cidade de Jacarezinho (PR) por conduzir veículo com CNH cassada, quando tambem fugiu da polícia.
Para toda ocorrência deste tipo, envolvendo policial militar e equipamentos da corporação, é aberto um procedimento para apurar as circunstâncias”.