A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Igreja Mórmon, tem sido alvo de controvérsias ao longo dos anos, principalmente entre os evangélicos.
Com crenças que incluem o Livro de Mórmon como escritura sagrada e práticas que divergem significativamente do cristianismo tradicional, a religião mórmon sempre foi vista com reservas por muitas denominações evangélicas.
No entanto, a candidatura de Adriano Ramos, um mórmon convicto, está atraindo o apoio de líderes evangélicos influentes em Paranaguá, gerando surpresa e até indignação em algumas esferas.
Entre os apoiadores de Ramos estão figuras de peso, como o pastor Lúcio, da Comunidade da Graça e ex-presidente da AMEP; o pastor Marcos, da Igreja Canto e atual presidente da Associação dos Ministros Evangélicos; o pastor Emerson Casburgo, presidente do partido União Brasil; e o pastor Glaubo, da Igreja Bola de Neve.
Esses pastores, que tradicionalmente defenderam a fé evangélica e, em alguns casos, se manifestaram contra a expansão da Igreja Mórmon, agora se veem em uma posição que desafia suas próprias convicções.
O apoio a Ramos, um candidato cuja fé é tão diferente da maioria dos eleitores evangélicos, levanta questões sobre as motivações políticas por trás dessas alianças.
Polêmicas: A bíblia, batismos vicários e a poligamia
A Igreja Mórmon tem uma história de tensões com a comunidade evangélica, especialmente em temas como a divindade de Jesus, a revelação contínua e o conceito de salvação. Enquanto os evangélicos afirmam que a Bíblia é a única palavra de Deus, os mórmons acreditam em escrituras adicionais, como o Livro de Mórmon, o que gera conflitos teológicos profundos.
Além disso, a prática mórmon de batismos vicários e a história polêmica em torno da poligamia são pontos de discordância que, historicamente, distanciaram as duas religiões.
Apesar dessas diferenças, em Paranaguá, a política parece estar transcendendo as barreiras religiosas. Pastores evangélicos que outrora poderiam ter rejeitado um candidato como Ramos agora o apoiam, possivelmente em busca de uma aliança política estratégica.
Mas o que isso significa para os eleitores?
Estarão eles prontos para seguir seus líderes e votar em um candidato cujo sistema de crenças diverge tanto daquilo que pregam nos púlpitos? Ou essa aliança será vista como uma traição aos valores evangélicos?
A candidatura de Adriano Ramos em Paranaguá não é apenas uma disputa pelo cargo de prefeito; é um teste de até onde a fé e a política podem se entrelaçar, sem perderem suas essências. Enquanto a cidade se prepara para decidir seu futuro, a presença de um candidato mórmon apoiado por líderes evangélicos promete ser um dos capítulos mais intrigantes – e polêmicos – da história política local.