Durante a Cúpula do Clima, realizada nesta quinta (22), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o país buscará atingir a neutralidade climática (reduzir a zero o balanço das emissões de carbono) até 2050. Além disso, Bolsonaro declarou que o Brasil está aberto à “cooperação internacional”. O evento organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aconteceu on-line e contou com 40 líderes mundiais, o Papa Francisco e uma indígena brasileira.
O discurso do presidente contrasta com suas falas no passado a respeito da Amazônia e questões climáticas.
“Entre as medidas necessárias para tanto, destaco aqui o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030 com a plena e pronta aplicação do nosso Código Florestal. Com isso reduziremos em quase 50% nossas emissões até essa data”.
O desastre ambiental
No dia 9 deste mês o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que os alertas de desmatamento na Amazônia bateram recorde em março. Ao todo, foram 367 km². Além disso, o desmatamento da Amazônia em 2020 foi mais de 3 vezes superior à meta proposta pelo Brasil para a Convenção do Clima.
Bolsonaro convidou ainda a comunidade internacional a colaborar com a injeção direta de recursos e investimentos em ações de preservação ambiental da floresta. “Estamos, reitero, abertos à cooperação internacional.”
O discurso moderado do presidente se mostrou direcionado com a melhora da imagem do país lá fora, abalada com a derrota de seu aliado Donald Trump e desgastes com a China em relação à pandemia.
“A Noruega e outros países enfatizaram em conversas recentes com o Brasil que a comunidade internacional está preparada para aumentar o financiamento ao Brasil assim que o Brasil apresentar resultados na redução do desmatamento. Diminuir o desmatamento no curto prazo é uma questão de vontade política, não de falta de financiamento adiantado”, diz o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn, do Partido Liberal, em nota enviada à BBC News Brasil.