Novo filme nacional retrata a perseguição de jovens estudantes durante a ditadura militar

Zé, filme de Rafael Conde, conta uma biografia verídica de um líder estudantil e do movimento Ação Popular

Matheus Crobelatti
Por Matheus Crobelatti 3 min de leitura
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Caio Horowicz "Zé" e Samantha Jones. Divulgação/Embaúba Filmes

Nesta semana, estreou nos cinemas “Zé”, o segundo longa-metragem do professor e diretor Rafael Conde, que leva o público de volta à sombria era da ditadura civil-militar brasileira. O filme narra a biografia de José Carlos, um militante da resistência contra o regime, e conta com um elenco de peso, incluindo Caio Horowicz, Samantha Jones, Yara de Novaes, Alexandre Cioletti e Gustavo Werneck.

Caio Horowicz dá vida a “Zé”, líder do Movimento Estudantil Brasileiro e membro de um grupo de resistência contra a ditadura. Perseguido pelo regime, Zé é forçado a abandonar o conforto de sua vida burguesa e decide atuar clandestinamente no interior do Nordeste, onde ministra aulas de alfabetização e conscientização política.

A história real que inspirou o filme

Jose Carlos Novaes

(Fotografia verídica de José Carlos Novaes da Mata Machado. Memorial da Resistência de São Paulo.)

A narrativa de “Zé” é inspirada na história verídica de José Carlos Novaes da Mata Machado, um militante que foi preso e torturado durante a ditadura. José Carlos era filho do jurista e ex-deputado Edgar da Mata Machado, cuja cátedra foi cassada pelo regime militar. Em 1964, José Carlos ingressou no curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, três anos depois, tornou-se vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Mais tarde, assumiu a liderança da Ação Popular Marxista-Leninista (APML).

O destino trágico de José Carlos se concretizou em 1973, quando ele tinha apenas 27 anos. Embora a versão oficial divulgada pelos jornais da época tenha afirmado que José e um companheiro foram baleados por outro militante, a verdade, confirmada por vários ex-políticos, é muito mais sombria. José Carlos foi preso em São Paulo enquanto tentava fornecer ajuda jurídica a colegas presos e foi conduzido ao DOI-CODI de São Paulo, e posteriormente ao DOI-CODI de Recife, onde foi torturado por dez dias até não resistir.

Anos depois, Gilberto Prata Soares, cunhado de José Carlos, confessou à Comissão Parlamentar Externa sobre Mortos e Desaparecidos Políticos que havia colaborado com o Centro de Informações do Exército (CIE), fornecendo informações sobre membros da Ação Popular, apesar de ter sido um ex-integrante do grupo.

O filme “Zé” não apenas retrata a vida de um dos muitos que lutaram contra a ditadura, mas também serve como um poderoso lembrete das atrocidades cometidas durante este período sombrio da história brasileira.

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