LONDRINA, PR – A promotora Caroline Guzzi Zuan Esteves ofereceu denúncia por associação criminosa armada, roubo majorado (exercido por violência, ameaça ou emprego de arma de fogo) e latrocínio contra Eugênio Rodrigues Rocha, 28 anos, Helio Junior da Silva Campos, 30, João Felipe Cardoso Rodrigues, 18, e William de Oliveira, 19, pelo suposto envolvimento na morte do subtenente da Polícia Militar Ernani Euzébio da Silva, 55, em 14 de janeiro deste ano, na rua Irene Perine Acquarole, jardim Santa Alice, região leste de Londrina.
Um outro integrante do grupo, identificado como Ederson Cristiano Euflásio da Cruz, morreu em um possível confronto com agentes do Pelotão de Choque do 5º Batalhão no jardim São Jorge, zona norte da cidade, dias após o crime. A PM informou que o rapaz estava com uma submetralhadora caseira. De acordo com a Polícia Civil, Silva morreu após trocar tiros com um dos criminosos. Três disparos atingiram o tórax, cotovelo e coração da vítima, que morreu antes da chegada de socorristas do Siate. A investigação apontou que o policial conversava com um vizinho em frente ao portão da casa dele, que estava entreaberto, quando foi abordado por dois dos acusados: William e Ederson.
Segundo o inquérito, a dupla utilizou um revólver calibre 38 para render Silva e o outro homem. Perto dali, João Felipe permaneceu dentro de um Ômega vermelho, estacionado perto da residência. Conforme a polícia, o dono do imóvel chamou pela esposa, que foi até a porta de entrada e juntou-se ao marido e o PM, ainda sob domínio dos criminosos.
A denúncia narra que William, com a aproximação da mulher, roubou um celular de R$ 300 dela. Disparando ameaças ao casal, o rapaz conseguiu render mais duas jovens, uma adolescente e quatro crianças de cinco, sete e 10 anos que estavam dentro da casa. Todos foram encaminhados a um quarto dos fundos. William teria levado R$ 1,5 mil da família. O dinheiro não foi recuperado.
Enquanto isso, Ederson vigiava de perto o subtenente aposentado, que estava armado com uma pistola calibre 380. Para a Polícia Civil, João Felipe teria saído do Ômega e subtraído a carteira e um celular de Silva. Após a troca de tiros, ele e Ederson fugiram. O PM aproveitou a situação e tentou socorrer os jovens trancados em uma das dependências do imóvel.
Quando percebeu a presença de Silva, William atirou três vezes. Depois do confronto, ele deixou o local e abandonou o revólver usado no crime. A investigação identificou que, no mesmo dia, o trio procurou Eugênio Rodrigues Rocha. No organograma da quadrilha, ele seria o responsável por planejar a fuga dos envolvidos diretamente no latrocínio do PM da reserva.
Prisões
No início da madrugada seguinte ao latrocínio, João Felipe foi preso em uma operação montada por policiais civis e militares na rua Lauro Dantas de Faria, jardim Santa Fé. O inquérito descreve que os agentes apreenderam 38 porções pedras de crack, uma calça jeans e uma blusa de moletom. As peças de roupa estavam manchadas de sangue, o que, para a polícia, reforçou a tese de que o rapaz tinha envolvimento no crime.
De forma “informal”, João Felipe teria confessado a participação do outros integrantes. Conforme o relato, William atirou contra o PM, Helio Junior forneceu a arma e Eugênio arrumou o Ômega usado para a fuga. No mesmo dia, a polícia deteve o segundo acusado. Na casa dele, quatro munições de calibre 38 teriam sido encontradas.
O Ômega foi localizado na garagem da residência de William, na rua José Ferreira da Silva. Os policiais obtiveram a informação que ele havia passado pelo local na noite em que o subtenente Silva foi assassinado e aparentava ferimentos pelo corpo ocasionados pelos disparos. No imóvel, investigadores encontraram gases para curativas sujas de sangue. Após uma suposta nova confissão de João Felipe, Eugênio, o terceiro do grupo a ser preso, foi preso na rua Ângelo Scotão, no residencial Vista Bela, zona norte. Ele teria confessado que era o dono do Ômega. Além disso, a Justiça havia expedido uma mandado de prisão contra o rapaz.
Com a evolução das investigações, no dia 23 de janeiro, três das vítimas rendidas na residência em que o subtenente Silva foi morto reconheceram a fotografia de William de Oliveira, que se apresentou na 10ª Subdivisão Policial (SDP). Os quatro suspeitos continuam presos em Londrina. O caso do policial Ernani Euzébio da Silva é um dos três latrocínios registrados em Londrina somente neste ano. As outras vítimas foram um motorista do aplicativo Uber e um comerciante.
(Com informações de Rafael Machado/Folha de Londrina)