Dez dias após o fim das eleições municipais em Paranaguá e a consagração de Marcelo Roque (PV) como prefeito eleito, muita água passou por baixo da ponte que sustentava a candidatura do jornalista André Pioli (PSC). Em sua segunda campanha à prefeitura, ele amargou também a segunda derrota para a família Roque.
Em 2012, com uma campanha enfervecida pelas denúncias de corrupção que bombardearam os planos de Alceuzinho Maron, então no PSDB, Pioli ganhou margem nas pesquisas e se aproximou do primeiro colocado, à época, Mário Roque que se elegeu no PMDB. A estratégia de Roque então era evitar confrontos diretos, já que não era bom em discursos e mantinha consigo um temperamento mais devoto à causa popular.
Nessa lógica, o “Vermelho” derrotou André Pioli nas urnas evitando contudo, ir aos debates que naquelas eleições foram promovidos pela Band e pela TVCI respectivamente. Isso abriu brechas para Pioli que até então estava no PT, abrir fogo contra o adversário e afirmar em alto e bom som na TV, que quem não participava de debates não estava apto a administrar Paranaguá.
Essa frase foi o seu sepultamento.
Em 2016 nenhuma emissora, nem a própria TVCI, optou pela realização de debate – em uma estratégia talvez pouco convincente e sem muitas explicações lógicas – mas como o dito popular mesmo estipula: Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vem até Maomé, para André Pioli a montanha veio até ele. A própria sociedade civil, interessada nos assuntos políticos e mais atenta com as propostas promoveu vários encontros entre os candidatos, e em nenhum, Pioli esteve presente.
Universitários da Unespar e a comunidade católica particularmente se ofenderam com a ausência, especialmente quando Pioli gravou um vídeo afirmando que a organização dos eventos eram feitas por “bandidos”. E assim da noite para o dia, o candidato que até então era o preferido com 44% das intenções de votos viu o seu índice derreter para os 34% que recebeu na urna. Evidente que incluindo nessa estatística ainda estão as ações de grupos políticos liderados por nomes antigos coma tríplice formada pelos ex-prefeitos José Baka Filho, Carlos Tortato e pelo engenheiro Ogarito Linhares.
Marcelo Roque comemorou muito a vitória diante do adversário que se viu emergido além de tudo, em diversas denúncias que embora vazias, estavam vindo de vários lados, sobre o seu suposto envolvimento com a Operação Lava Jato. A cobrança pela presença nos debates e a falta de entendimento de André sobre isso ofuscou a sua campanha dez dias antes das eleições, em um momento em que o candidato imaginava que tudo estava sob controle com um tempo de TV bastante generoso em relação aos demais candidatos.
Após o episódio, ao jornalista que tinha uma carreira promissora na política restou a decepção e um comunicado oficial nas redes sociais, de que estava abandonando a vida pública.
É o jogo da política.