Lista de boicote a comerciantes ‘esquerdistas’ causa prejuízo e medo no PR

Mensagem compartilhada no WhatsApp lista comerciantes 'de esquerda' que pessoas 'de direita' não devem frequentar.

Derick Fernandes
Por Derick Fernandes 1 comentário 4 min de leitura
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Comerciantes locais e pequenos empresários de Rio Negro e Mafra, cidades vizinhas na fronteira do Paraná e Santa Catarina, estão sendo prejudicados por uma lista compartilhada na semana passada em grupos de WhatsApp por moradores dos dois municípios. A mensagem provocou não apenas danos financeiros, mas também gera medo de agressões e outras formas de represálias.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que conquistou mais de 67% e 65% dos votos, respectivamente, nos dois municípios, passaram a divulgar uma lista de boicote a comércios e prestadores de serviços classificados como “esquerdistas” que as pessoas “de direita” não deveriam frequentar ou contratar.

O texto circulou além de grupos políticos, como times de futebol, notícias e de excursões, e teve uma grande repercussão local. Em entrevista ao jornal O Globo, a advogada Ana Carolina Moreira de Carvalho, que possui 22 anos de carreira e aparece na lista de profissionais que deveriam ser boicotados, explica que o viral trouxe prejuízos, e que os citados nos grupos relatam medo de seguir com as atividades na região. A maior parte dos empresários sequer divulgavam posicionamentos políticos publicamente.

As pessoas estão com medo de sair de casa, de fazer a rotina normal, de se manifestar. Estão com medo de represálias não só em relação ao seu ganha pão, ao seu negócio, mas também temem por sua integridade física”

Ana Carolina Moreira, advogada com 22 anos de carreira e que aparece na lista.

A cada compartilhamento, a lista foi tomando proporção e passou a ameaçar a segurança das pessoas. Juntas, Rio Negro e Mafra somam 90 mil habitantes, e todo mundo se conhece.

A advogada diz que vai entrar na Justiça junto com outros profissionais afetados, e pretende pedir indenização a quem propagou a lista e contra os administradores dos grupos em que o conteúdo circulou livremente. Ao menos oito disseminadores já foram identificados.

O Ministério Público do Paraná e o MP de Santa Catarina foram acionados e também acompanham o caso. O MP catarinense informou que enviou aos órgãos responsáveis para apuração, tanto para a Polícia, quanto para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

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As subseções locais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina e no Paraná emitiram nota de repúdio pela criação e divulgação da lista no WhatsApp.

“A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Rio Negro reafirma o repúdio à falta de respeito com a opinião e o posicionamento político de cada cidadão, que é um direito de todos afirmado nas legislações vigentes e afirma que estará vigilante para que atitudes como esta não mais se repitam, e, em prol de toda a sociedade, tomará as medidas judiciais cabíveis, a fim de fazer cessar toda e qualquer inconstitucionalidade ou ilegalidade”, publicou.

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Derick Fernandes é jornalista profissional (MTB 10968/PR) e editor-chefe do Portal i24.
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