Imagens de câmeras de segurança registraram a violência de uma agressão contra o músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, atacado por um homem com cassetete no Centro de Curitiba.
O agressor foi identificado como Paulo Cezar Bezerra da Silva, e está solto depois de quebrar o maxilar do músico, e deferir pauladas nele.
No vídeo, o músico de 55 anos aparece andando sozinho na calçada, quando Paulo Cezar se aproxima junto com um cachorro e aborda Neno.
Na sequência, o homem usa o cassetete para acertar o rosto, a nuca e as pernas do músico. O criminoso também incentiva que o cão ataque a vítima. (Vídeo abaixo)
De acordo com a polícia, as agressões aconteceram por volta das 14h da última terça-feira (22) na rua Doutor Faivre, no Centro.
Em uma entrevista à RPC TV, Neno afirmou que durante as agressões ele foi xingado pelo homem, que teria o chamado de “macaco” e de “negro sujo”. De acordo com o músico, o agressor também disse que “morador de rua tem que apanhar”.
O músico teve ferimentos graves no rosto, fraturou o maxilar, quebrou um dente e ainda teve que levar cinco pontos. Ele também ficou ferido com mordidas de cachorro nos braços e nas costas, e terá que fazer uma cirurgia.
Segundo a vítima, ele não conhecida o agressor.
Estou assustado, tremendo. Preciso de uma resposta da Justiça para que isso não aconteça com outras pessoas. Nunca na minha vida tinha sofrido algo assim. Sou curitibano, viajo o mundo inteiro, nunca tinha acontecido isso comigo”
Neno em entrevista à RPC
O cantor ainda disse que, após o início das agressões, tentou fugir do suspeito, mas que Paulo Cezar incentivou o cachorro a persegui-lo e a mordê-lo. Ainda conforme o músico, a violência só cessou quando pessoas e motoristas que passavam pelo local começaram a gritar por ajuda.
Três mulheres testemunharam as agressões e chamaram a polícia. Neno foi encaminhado ao hospital em seguida.
A PM disse que durante o atendimento à vítima, recebeu um chamado informando que uma pessoa com as mesmas características do criminoso, junto de um cachorro, estava “tumultuando nas proximidades”. A equipe deslocou e encontrou Paulo Cezar.
De acordo com os agentes, Paulo foi levado até sua casa para deixar o cachorro, e em seguida ele foi encaminhado ao cartório do 12º Batalhão para assinar um simples termo circunstanciado. O caso foi registrado inicialmente como lesão corporal.
Demora e pouco caso
A Polícia Civil do Paraná foi questionada se, além da agressão, há suspeita de crime de injúria racial ou crime de ódio. A corporação, porém, não se manifestou.
Paulo Cezar segue em liberdade, e foi flagrado por uma equipe de reportagem da RPC TV, afiliada da TV Globo no Paraná, caminhando neste sábado (26) junto ao cachorro próximo ao local das agressões contra o músico.
A esposa da vítima, Lucimar Almeida, relatou que após Neno sair do hospital, o casal pegou o boletim de ocorrências registrado pela equipe policial.
No documento não constava, no entanto, a informação sobre as ofensas e xingamentos racistas feitos pelo agressões.
Lucimar conta que teve que insistir com a polícia para registrar um segundo boletim, este sim com as informações sobre as ofensas.
Apesar disso, a família segue desamparada. Uma audiência preliminar e virtual sobre a situação foi marcada pela Polícia Militar somente para o dia 20 de março de 2023, ou seja, 117 dias depois do ocorrido no Centro da capital.
A polícia não respondeu se o tempo de espera para a audiência é comum.
O músico contou que está sem trabalho após as agressões. Os machucados nas mãos não permitem que ele toque, enquanto que os ferimentos no rosto impedem que ele cante.
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