Nesta quinta-feira, a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) foi alvo de uma exposição por meio de uma nota oficial emitida pela Agência Mundial Antidoping (WADA). A nota descreve uma série de fraudes cometidas pela USADA nos últimos anos.
As acusações contidas na nota indicam que os Estados Unidos permitiam que seus atletas competissem em eventos, mesmo tendo usado substâncias ilícitas, sem enfrentar qualquer tipo de restrição ou punição.
A WADA informou que já tem conhecimento de três casos de atletas dopados que competiram por anos.
Enquanto agiam como agentes secretos da USADA, sem que a WADA fosse notificada e sem que houvesse qualquer disposição permitindo tal prática sob o código ou as próprias regras da USADA”. – WADA em nota oficial.
A nota citou um caso específico de um atleta de elite que disputou eliminatórias olímpicas e eventos internacionais, confessando ter utilizado esteroides e EPO, substâncias proibidas. Mesmo ciente da situação, a USADA permitiu que o atleta continuasse competindo até sua aposentadoria. O caso nunca veio a público, e as premiações e resultados do atleta não foram anulados. Quando o atleta admitiu o erro, a USADA aconselhou a WADA a não divulgar as informações, alegando risco à vida do atleta. A WADA optou por não revelar sua identidade.
Por fim, na parte final da nota, a WADA critica fortemente a USADA usando termos como ‘hipócrita” e “irônico”, segue trecho abaixo:
Como outros atletas devem se sentir sabendo que estavam competindo de boa-fé contra aqueles que eram conhecidos pela USADA por terem trapaceado? É irônico e hipócrita que a USADA grite quando suspeita que outras organizações Antidoping não estão seguindo as regras à risca, enquanto não anunciou os casos de doping por anos e permitiu que trapaceiros continuassem competindo, na remota possibilidade de que pudessem ajudá-los a pegar outros violadores.
O que a USADA diz a respeito
A liberação para que os atletas infratores competissem seria para eles servissem de informantes, um dos casos teria até mesmo servido de assistência para o avanço de uma investigação do FBI sobre Tráfico humano e de drogas, diz a Agência Antidoping dos Estados Unidos em defesa da liberação dos atletas dopados.
Travis Tygart, presidente-executivo da USADA, na reportagem à Reuters ainda diz que essa é uma maneira eficaz de lidar com esses problemas maiores e sistêmicos, e defende o uso de atletas para investigar melhor os mais experientes e ter informações sobre pessoas envolvidas em doping ou tráfico esportivo.
Em um comunicado, A USADA ainda diz que a WADA já tinha conhecimento dos casos antes de 2021 e considerou a nota da agência como “uma difamação”.