Com tudo fechado e quase todos os serviços públicos suspensos, caminhoneiros do Brasil, tão essenciais para manter o abastecimento no país, relatam que estão passando fome nas estradas e não conseguem encontrar lugares abertos para tomarem banho e se alimentarem.
O relato parte de motoristas paranaenses que carregam entre Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Os três estados decretaram o fechamento de restaurantes e atendimento apenas por serviço de delivery, num esforço para conter a pandemia.
Diferente de outros países, que montaram hospitais de campanha e refeitórios para motoristas ao longo das rodovias, no Brasil os caminhoneiros foram deixados à própria sorte, embora o governo tenha feito apelos para que eles continuem trabalhando.
Sem sem nenhuma estrutura, os motoristas consideram a opção de retornarem para casa, pela falta de informação e pelos riscos que correm expostos ao coronavírus. “Não temos acesso a posto de saúde, e em algumas cidades nem podemos entrar”, desabafa André Porcat, caminhoneiro que está parado na BR-101 em Araquari (SC).
“É nos que vamos levar comida e remédios para todo mundo . Vocês acham que o Brasil aguenta quanto tempo se nós pararmos? Na greve de 2018 paramos 11 dias e todos viram o que aconteceu”, continuou o desabafo.
Vanderlei Dedeco, um dos lideres da categoria, disse que a situação é dramática. Ele faz um apelo aos governantes: “Estamos encarando o vírus de peito aberto para levar alimentos e remédios para o país e não podemos passar fome nas estradas. Se outros governadores forem tomar esta medida, que antes conversem com a categoria para encontramos alternativas”, pediu.
O Paraná tem 43 casos confirmados de coronavírus. Santa Catarina tem 57 casos.