O ex-ministro da Justiça Sergio Moro chegou por volta das 13h15 da tarde deste sábado (02), na sede da Polícia Federal, onde deve depor no inquérito que investiga as acusações feitas por ele contra o presidente Jair Bolsonaro.
Moro presta depoimento depois que o Ministro Celso de Melo, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-ministro fosse intimado para esclarecer suas falas de que o presidente tentava interferir politicamente na PF. Celso de Melo deu cinco dias para que Moro fosse ouvido pela PF.
O prazo anterior era de 60 dias. O novo prazo, mais curto, ajuda a blindar as investigações.
Apoiadores do ex-ministro e apoiadores do presidente chegaram a dividir o mesmo espaço em frente à sede da PF e houve confusão.
Um cinegrafista da RIC TV (afiliada da RECORD no PR) foi agredido por um manifestante, que o confundiu com um funcionário da TV Globo. Depois da confusão a segurança foi reforçada pela PMPR (Polícia Militar do Paraná).

DEPOIMENTOS
O depoimento de Moro será conduzido por delegados do Sinq (Serviço de Inquéritos Especiais), que é responsável por conduzir inquéritos autorizados pelo STF.
O Sinq funciona na sede da PF em Brasília e é subordinado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor). O delegado Igor Romário de Paula, que foi coordenador da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, é o atual diretor da Dicor e deve designar um delegado para o caso de Moro.
Também devem participar das oitivas três procuradores da PGR (Procuradoria-Geral da República). Augusto Aras, procurador-geral da República, foi quem solicitou a abertura do inquérito para apurar as denúncias do ex-ministro Sergio Moro.
O inquérito no STF está sob responsabilidade do Ministro Celso de Mello.
ACUSAÇÕES
Sergio Moro acusou Jair Bolsonaro de interferir nas investigações da Polícia Federal. As acusações foram feitas no dia em que Moro pediu demissão do Ministério da Justiça, na sexta-feira da semana passada (24).
Em seu pronunciamento, Moro reforçou que deixava a pasta por conta das interferências políticas do governo nas investigações feitas pela PF.
“Bolsonaro me disse mais de uma vez que queria um diretor que pudesse ser de seu contato pessoal, que ele pudesse ligar, obter informações. Imagine se na época da Lava Jato a presidente Dilma, e o ex-presidente, ligassem para obter informações sobre as investigações? Isso não dá!“, disse.
Moro reforçou que não teria problema nenhum em trocar os comandos da Polícia Federal, tanto com relação à direção da PF quanto às superintendências (embora o ex-ministro tenha afirmado que as as indicações para as superintendências não fariam parte do seu trabalho), mas reforçou que precisaria de um real motivo para tais mudanças.
“Não é tanta a questão de quem, mas por quê está saindo. Ontem houve uma insistência do presidente para troca. Eu disse a ele que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo.”
INVESTIGAÇÃO
Pela decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ministro Celso de Mello, Sergio Moro deverá apresentar provas das acusações feitas na semana passada contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A oitiva será a primeira medida tomada no inquérito aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para apurar suposta tentativa de interferência na PF ou crime de denunciação caluniosa.
A partir desse momento, a Câmara dos Deputados precisa autorizar, com anuência de pelo menos dois terços dos deputados, para que o STF possa deliberar ou não sobre a aceitação da denúncia.
Se as acusações de Moro se mostrarem infundadas, é possível que o ex-ministro Moro tenha cometido denunciação caluniosa ou crime contra a honra, duas possibilidades que também serão investigadas no inquérito.