Na noite da última quarta-feira (5), o Corinthians viveu uma noite para se esquecer. A equipe de Ramon Díaz foi irreconhecível, e o placar de 3 a 0 fez o timão apostar todas as fichas para o jogo de volta na Neo Química Arena que acontece na próxima quarta-feira (12).
Na saída do campo, Maycon e Hugo Souza foram os primeiros dos brasileiros a comentarem o resultado negativo e a diferença para conseguir a classificação na fase de grupos da Libertadores.
O volante se mostrou envergonhado e disse que o sentimento é o pior que um jogador pode ter. Para o camisa sete, a equipe não conseguiu reproduzir o que havia planejado tanto contra o UCV (Universidad Central da Venezuela), mas principalmente contra o Barcelona-EQ no jogo de ida.
É difícil falar porque é uma coisa que já estamos vivenciando nesse ano e não pode. Lutamos tanto para estar aqui e fazer o jogo que a gente fez, me sinto envergonhado de estar fazendo isso. Brigamos muito para estar aqui, infelizmente não saiu nada como planejamos. O pior sentimento que um jogador pode ter é a vergonha, quero pedir desculpas ao torcedor. Agora é trabalhar firme porque temos uma semifinal e o jogo de volta. Sei que eles estarão lá para nos apoiar, vamos lutar muito para dar essa classificação a eles dentro de casa, mas não tenho muito o que dizer. É uma vergonha o que fizemos hoje”, afirmou o volante.
O jogador ainda completou dizendo que já teve situações que pareciam irreversíveis, mas que o timão conseguiu superar. Contudo, a equipe não pode pensar na volta se ainda tem outra decisão, a semifinal do Paulistão no domingo (9), contra o Santos.
Já vimos muitas situações com resultados reversíveis, esse é um. A gente tem que trabalhar, não temos que pensar na quarta-feira, temos que pensar no sábado porque é uma semifinal. Não podemos repetir, a cobrança é alta e por estarmos no Corinthians temos que dar uma resposta imediata”, completou Maycon.
Quem também se manifestou foi Hugo Souza. O goleiro não falou tanto quanto seu companheiro, mas destacou a dificuldade de comentar algo após a derrota. Apesar do resultado desfavorável, ele manteve viva a esperança de conseguir a classificação no jogo de volta, demonstrando confiança na capacidade da equipe de reverter o placar.
Difícil falar. Acho que agora é esfriar a cabeça para que a gente possa em casa fazer o que sabemos fazer de melhor, que é ter a bola e agredir o adversário. Que a gente possa fazer os gols que precisamos e buscar a classificação em casa. Para essa camisa, nada é impossível”.”É um resultado complicado, mas vamos trabalhar e lutar até o final para que a gente possa, em casa, fazer os gols que precisamos“, disse o goleiro.
O comandante Ramon Díaz também demostrou confiança. Para o treinador, o time conseguiu se sair bem no primeiro tempo, mas não conseguiu ser tão preciso no ataque como acontecia em outras partidas.
“Nunca me arrependo do que faço. Aqui, principalmente, na Libertadores, é completamente diferente do que jogamos no Brasil. Eles foram muito superiores em todos os sentidos, muito mais do que o tático. Fizeram grande jogo. Nos superaram, não há desculpa além do tático, que podemos acertar. Eles não tiveram situação no primeiro tempo, salvo o pênalti, o time estava bem. Não são desculpas, mas viemos de desgaste de três dias. Nos superaram em todos os sentidos. Há que aceitar quando o adversário se supera em todos os sentidos. O que fica é que não vamos perder a esperança neste momento. A equipe conseguiu a classificação depois de tantos anos, e realmente nos superaram em todos os sentidos. Felicitações a eles, fizeram grande jogo. Temos que aceitar. O tático me parece que tivemos bem no primeiro tempo, mas não fomos pulsantes no ataque como somos“, analisou Ramon Díaz.
Quando a escalação foi anunciada, a principal mudança foi o sistema tático montado por Ramon Díaz. O treinador colocou três zagueiros, optando pelo esquema de 5-3-2, com Hugo Farias e Matheuzinho de alas, mas o placar adverso no primeiro tempo fez o comandante voltar para o sistema que sempre usou de 4-4-2.
“Foi a primeira vez que jogamos com três zagueiros (em 2025). Ganhamos 27 jogos, foi o primeiro jogo que perdemos. É o primeiro jogo que perdemos. Equipe pode te superar em dinâmica, em ritmo. Taticamente sabíamos dos dois extremos, tratamos de pressionar. Quando te supera é assim. Não há forma. Nós precisamos jogar, temos uma semifinal no Paulistão e vamos enfrentar as situações. Com muito orgulho do grupo, mas os adversários jogam também. Trataremos de acomodar o time animicamente, fisicamente, mas o futebol é assim. Tem que aceitar quando te superam. Jogamos com Garro, Yuri e Memphis, os três que fizeram gols em todos os campeonatos, mas hoje estiveram bem defensivamente, não pudemos gerar jogo. Somos responsáveis pelo que passou, o time não jogou bem“, disse o treinador.
Em outros tópicos da entrevista coletiva, o treinador explicou o que estava dando errado e disse que apesar dos resultados indesejável, ano passado os torcedores pediam para tirar o Corinthians do possível rebaixamento.
“A equipe tem que sempre tratar de melhorar. São momentos. Estamos jogando uma sequência de jogos importantes que não dá respiro. Hoje Carrillo estava muito desgastado, não são desculpas. É tratar o que vem e enfrentar. O torcedor e as pessoas não estão contentes porque o time não jogou bem. Somos responsáveis, mas é assim quando encontramos um time que te supera. A única forma de seguir crescendo, entendo que a imprensa busca os jogos que não jogamos bem, mas não esquecem que era uma equipe que estava em último. Os torcedores choravam, pedindo por favor para salvar. Classificamos para a Libertadores, estamos na semifinal do Paulista, mas há momento que um time te supera. É levantar a cabeça, melhorar no que fizemos mal. Faz parte do futebol“, afirmou o treinador.
Na conclusão da entrevista, o treinador mostrou o sentimento após a derrota, e relembrou a pressão que a equipe sofreu no ano passado. Mas garante que o time buscará a reação no jogo de volta e também na semifinal contra o Santos.
“Estamos todos decepcionados. Tínhamos a ilusão e temos a ilusão de passar na Libertadores. Todo o grupo está dolorido. Mas isso tem que fazer crescer, reagir. Temos coisas importantes para jogar em pouco tempo. A vida te coloca em prova não só quando as coisas vão bem. Colocam para ver se tem caráter, determinação. Esse grupo sofreu muito nestes sete meses na pressão, na exigência, mas também podemos falhar. Quando falha, temos que reconhecer, mas estamos reconhecendo que falhamos com o torcedor, com todo mundo. Agora seguramente e nós vamos tentar uma reação, temos que reagir, o Corinthians é grande. Como reagiram no ano passado, maior dificuldade que tive como treinador, vamos tratar de recuperar, de que o time jogue bem como vinha jogando. Não há muito para dizer de um 3 a 0 em uma classificação importante: foram superiores, temos que enfrentar, temos que fazer responsáveis. Vamos trabalhar e jogar tudo o que temos na revanche, na semifinal com o Santos. Que a equipe volte ao rumo que tinha até hoje, vamos trabalhar para isso“, finalizou Ramon Díaz.