A Petrobras comunicou formalmente a Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre o “elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022”. O ofício foi assinado pelo presidente da estatal, José Mauro Coelho, e divulgado pela CNN.
A decisão de oficiar o governo sobre a situação foi tomada em reunião do Conselho de Administração da estatal na última terça-feira (25) após um longo debate acerca do tema.
“Diante do cenário de escassez global de diesel e do cronograma de paradas programadas das refinarias —apesar dos melhores esforços da companhia, a Petrobras entende que há elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022. Adicionalmente, há também grandes incertezas quanto aos níveis das cotações internacionais do produto nessa conjuntura de escassez”, explica o ofício.
Membros do conselho de administração da companhia também apontaram que o maior risco de desabastecimento é para meados de setembro deste ano, próximo da eleição presidencial.
Por meio de nota, o Ministério de Minas e Energia disse que fará nesta sexta-feira (27) “uma reunião ordinária, e acordo com o que foi previsto na Portaria 623/2022/MME, que criou o Comitê Setorial de Monitoramento do Suprimento Nacional de Combustíveis e Biocombustíveis”.
No ofício enviado ao governo e à ANP, a Petrobras enumera fatores de risco como os baixos estoques de grandes fornecedores ou consumidores, como Estados Unidos, Europa e Singapura, a Guerra na Ucrânia, que tirou a Rússia desse mercado, a utilização de estoques próprios para compensar a falta do diesel russo no Oriente Médio e na Índia, e o aumento dos custos do frete, além da eventual indisponibilidade nas refinarias.
No caso dos Estados Unidos e Caribe, a temporada de furacões pode ser o motivo pelo qual as refinarias que produzem diesel podem deixar de operar.
Já no caso do Brasil, as refinarias trabalham com capacidade próxima da máxima e podem ficar sem operar por causa de paradas técnicas para manutenção.
Coelho concluiu pedindo ao ministério e a agência “avaliações de ações estruturadas, visando a segurança do abastecimento nacional de óleo diesel no segundo semestre de 2022”.
Por nota, a ANP afirmou que está trabalhando para minimizar esse impacto. A agência também diz que seus representantes mantêm contato permanente com agentes do setor, com especialista e analistas sobre o cenário mundial, e que segue atenta aos fatores que podem interferir no abastecimento de diesel.