O empresário Carlson Ruy Ferreira, investigado por desvios milionários em contratos de fornecimento de merenda escolar, tem movido ações judiciais e feito declarações públicas que, segundo apuração do portal i24, configuram tentativa de intimidação contra o exercício da atividade jornalística. A ofensiva seria uma reação à publicação de reportagens que revelam detalhes de um novo Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) assinado por ele junto ao Ministério Público Federal (MPF).
A equipe jurídica de Ferreira afirma que o conteúdo do acordo estava sob sigilo, argumento utilizado em tentativas de censura e retaliação judicial contra este jornalista e contra outros veículos que noticiaram os fatos. No entanto, a legislação brasileira assegura o exercício do jornalismo investigativo, especialmente quando há interesse público envolvido — como é o caso de recursos destinados à alimentação de crianças da rede pública.
Veja abaixo os principais fatos que embasam a apuração:
📌 Entenda o caso: os principais pontos revelados
1. Confissão formal de crimes
Em 2024, Carlson Ruy Ferreira celebrou um novo ANPP no Paraná, confessando o desvio de dezenas de milhões de reais em contratos de merenda escolar de escolas públicas em Curitiba e São José dos Pinhais.
2. Reincidência e quebra de acordo anterior
O empresário já havia firmado um acordo semelhante na Lava Jato do Rio de Janeiro, em 2020. Na ocasião, comprometeu-se a não reincidir nos mesmos crimes — o que, segundo os novos autos, não ocorreu.
3. Descumprimento de compromissos com o MPF
A reportagem apurou que Ferreira não vem cumprindo os termos acordados: nem com os pagamentos de ressarcimento, nem com o afastamento das atividades suspeitas na administração de contratos públicos.
4. Nova empresa, mesmos contratos
Ferreira teria alterado a razão social de uma de suas empresas para viabilizar, em 2025, um aditivo contratual no valor de mais de R$ 18 milhões com a Prefeitura de Nova Iguaçu (RJ). Embora o contrato formalmente esteja em outro nome, ele seguiria como administrador de fato do negócio.
5. Indícios de interferência política
Uma testemunha ouvida pela reportagem — com declarações registradas em áudio e vídeo — afirma que o Secretário de Governo conhecido como “Bolinha” teria intermediado a renovação do contrato da merenda, supostamente com o aval do prefeito de Nova Iguaçu, Dudu Reina.
Tentativas de intimidação
Mesmo diante de fatos documentados, a defesa de Ferreira tem acionado o Ministério Público Federal alegando “quebra de sigilo” e ameaça processar este jornalista, além de pedir a remoção de conteúdos publicados. No entanto, os fatos foram confirmados por documentos públicos, diários oficiais, acordos homologados e processos judiciais em curso.
A equipe do portal i24 reafirma seu compromisso com o jornalismo independente, responsável e baseado na verdade factual. A tentativa de silenciar a imprensa, por meio de ações judiciais, é vista como um retrocesso democrático e será respondida com a força da informação apurada e da Constituição Federal, que garante liberdade de expressão e de imprensa.