Governo Ratinho Junior anuncia plano de privatização da Copel

Em mensagem encaminhada a empresários, governo diz que pretende abrir mão de ações da estatal, na prática, privatizá-la.

Derick Fernandes
5 min de leitura
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Sede da Copel em Curitiba: governo vai privatizar estatalArquivo

Em uma mensagem enviada ao mercado nesta segunda-feira (21), o governo do Paraná deu o pontapé inicial para a privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). No anúncio, a gestão de Ratinho Junior diz que pretende transformar a estatal em uma “companhia de capital disperso, sem acionista controlador”.

O projeto de lei para agilizar a privatização da Copel também foi encaminhado à Assembleia Legislativa do Paraná, para apreciação dos deputados.

A proposta tem como base estudos conduzidos pelo Conselho de Controle de Empresas Estaduais (CEEE). O governo, que é o acionista majoritário da Copel, abriria mão do controle da empresa, e ficaria com uma fatia modesta na participação 15% do capital social e de 10% em todas as ações da companhia, mantendo direito a voto no conselho administrativo.

Comunico que o Estado do Paraná, na qualidade de acionista controlador da Companhia Paranaense de Energia (Copel), tem a intenção de transformar a Copel em companhia de capital disperso e sem acionista controlador (Corporação), transformação essa a ser realizada envolvendo oferta pública de distribuição secundária de ações.

diz o anúncio do governo

Ainda não há, porém, uma previsão de quando de fato a privatização da Copel seja concluída. O ato se constitui em uma das primeiras ações de Ratinho Junior, reeleito no primeiro turno para mais quatro anos de governo a partir de 2023.

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Comunicado enviado pela Copel ao mercado nesta manhã anuncia privatização da estatao

A transformação da Copel em uma corporação aconteceria por meio de oferta pública secundária de ações. Em resumo, empresários poderão comprar a maior parte das ações da companhia, que dessa forma passa para o capital privado.

O governo justifica que a operação procura capitalizar recursos financeiros para suprir as necessidades do estado, e que com a manobra, quer valorizar as ações remanescentes na Copel, “valorização essa que deverá derivar da potencial geração de valor aos acionistas, inclusive em virtude de eventual capitalização da Companhia e aceleração de seu plano de negócios”, informou o Palácio Iguaçu em comunicado.

Burocracia

Para sair do papel, porém, a privatização depende da autorização dos deputados estaduais, cujo a maioria integra a base de apoio a Ratinho Junior na Assembleia Legislativa. O diretor de Finanças e Relações com Investidores da Copel, Adriano Rudek Moura, diz que o anúncio não necessariamente significa uma mudança imediata.

“A Companhia informa que o presente fato relevante tem essencialmente a função de comunicar a referida manifestação do Estado do Paraná a seus acionistas e ao mercado em geral e não deve ser considerado ou interpretado como sendo um anúncio da efetiva implementação de referida operação de transformação societária. A Companhia manterá o mercado informado sobre atualizações relevantes acerca do assunto”, disse Rudek.

Com o anúncio, as ações da Copel abriram em forte alta no B3 Ibovespa, com ganhos de 22,63% nas ações, cotadas a R$ 8,78 pela manhã.

Em 2019, Ratinho descartou vender estatais

Abertamente defensor de parcerias com a iniciativa privada e o estado, em 2019 o governador Ratinho Junior declarou em uma entrevista à GloboNews que não tinha interesse na venda da Copel e da Sanepar.

Na época, o governador disse que as estatais eram bem geridas, e tinham papel social importante, e que por isso eram intocáveis, e não seriam privatizadas em seu governo.

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Governador Ratinho Junior havia declaro que não privatizaria Copel e Sanepar – Foto: Franklin de Freitas / ANPR

Apesar disso, na mesma entrevista, o governador não descartou parcerias ou joint ventures com outras empresas, citando o modelo adotado pela Compagas, estatal de distribuição de gás natural canalizado no Paraná.

“A Copel e a Sanepar têm duas funções fundamentais: promover o desenvolvimento econômico e social do Paraná. Empresas com funções como essas, especialmente na área social, não devem ser passadas para a iniciativa privada, onde a visão financeira se sobrepõe a todas as outras”, afirmou Ratinho Junior na época.

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