Lutando para evitar o rebaixamento, o Fluminense foi até o Allianz Parque com a difícil missão de vencer a partida e evitar a degola. O retrospecto não era nada favorável ao Tricolor das Laranjeiras, a equipe ainda não havia vencido o Verdão no estádio e ainda contava com o adversário lutando pelo título. O Fluzão não só venceu, mas garantiu também uma vaga para a Sul-Americana 2025.
Quando assumiu o Fluminense, o técnico revelou em entrevista coletiva dizendo que o chamaram de louco por assumir o clube na então lanterna do campeonato.
Fui muito bem recebido. Muito bem recebido no Fluminense. As pessoas me ajudaram muito, a gente passava por essa ponte, que era longa, de um jeito de jogar completamente diferente para o jeito que eu armo as minhas equipes tradicionalmente, porque acredito que essa é a maneira que vejo o futebol. Mas essa ponte era longa, né?” E acrescentou
Era muito difícil. Eu, quando aceitei o convite, recebi umas 100 ligações dos meus amigos dizendo que eu estava louco. Mas o Fluminense me fez aceitar, realmente, pela qualidade do elenco que eu via e por tudo que eu acreditava que a gente podia fazer. Foi meio arriscado mesmo, mas os treinadores vivem de desafios, vivem de estar preparados. Alguns jogadores que subiram da base, que eu vejo muito talento, mas muito mesmo, e não é pouco não. E acho que nós podemos integrar esses jogadores rapidamente” -completou Mano.
Mano explicou o motivo do Flu ter conseguido se livrar do rebaixamento somente na última rodada. O comandante também avaliou o segundo turno da equipe de maneira positiva.
Acho que a equipe tá de parabéns, não por ter deixado pelo último jogo. Mas porque desde que aqui chegamos, tivemos 53% de aproveitamento. Pegamos a equipe com seis pontos, última na tabela, e fizemos um segundo turno entre os oito melhores, se eu não estiver enganado, muito próximo disso. Perdemos ponto pra caramba, mas tínhamos uma dívida grande para pagar. Por isso chegamos à última rodada nessa condição dramática. A equipe se comportou bem” – disse Mano Menezes.
O treinador comentou se fica para 2025 e explicou as estratégias para o confronto decisivo e por manter Paulo Henrique Ganso começando a partida no banco de reservas.
Eu sempre procuro tratar essas coisas na hora certa, porque conheço o futebol. Não gosto de ficar em um lugar onde não queiram que eu fique. Não tratamos sobre o assunto. Fizemos um contrato prévio, quando eu assumi o Fluminense, que tinha algumas cláusulas. Mas mesmo com cláusulas, sou sempre muito aberto para sentarmos novamente e fazermos a coisa certa, como tem que ser. Vamos fazer isso nos próximos dias, nas próximas horas.
Certamente o Ganso não estava preparado ainda adequadamente para fazer o jogo intenso. Lesão lombar é muito chata e já não o colocamos no sintético lá contra o Athletico, e de novo era muito importante para a gente como equipe competir primeiro. Com Ganso não consigo fazer o tripé, pelo menos um tripé de verdade e com funções semelhantes. Às vezes você pode baixar um meia como o Ganso para ficar ali, mas ele não consegue fazer a função igual o outro médio. Tendo dois médios, Nonato e Lima, poderia fazer isso de forma mais equilibrada.
Mano Menezes deu mais detalhes das funções táticas que utilizou para frear o ímpeto alviverde e conquistar a permanência na Série A;
É necessário que o médio faça ultrapassagens, chegue na frente às vezes pelo lado, entre o extremo e o centroavante. Com Lima e Nonato conseguimos fazer isso de forma equilibrada. O Ganso me dá outras coisas – geniais -, mas a equipe para essa ideia do que queríamos fazer aqui, ter Lima e Nonato era a melhor ideia. Mas tenho certeza absoluta que se não atingíssemos o objetivo o treinador seria o culpado, como sempre é no Brasil. Mas a gente precisa entender o que é a mecânima de uma equipe, o que é padrão, 4-3-3, 4-4-2 na hora de defender e passar para o torcedor o que é melhor para a gente não ouvir tanta bobagem.” – disse Mano.
Ainda em alguns detalhes da entrevista coletiva, Mano falou como lida com o elenco cheio de medalhões e o desafio de assumir o Fluminense.
Eu tenho como comportamento de lidar com meus jogadores de forma muito direta. Eu não mando recado, eu não mando dizer. Eu sento na frente do jogador e falo o que eu acho que devo falar. É a minha função. E não tem problema nenhum a gente discordar. Zero. Às vezes eu até gosto, e às vezes numa discordância surge algo importante pra gente resolver um problema da equipe. Mas ao mesmo tempo eu exijo da mesma forma, de lá pra cá, a postura do jogador. Tenho tido pouquíssimos problemas ao longo da minha carreira, pouquíssimos mesmo. Às vezes tem, porque a gente erra, às vezes você fala uma frase e o futebol é forte… Mas isso nunca foi problema para ninguém. Nunca, nunca, nunca. Então, isso norteou o trabalho.
E a gente tentou fazer o certo, porque eu acredito muito nisso. Fazendo o certo, a chance de dar certo é muito maior. Era muito mais uma dificuldade que a gente estava atravessando. Então, quando eu tive que falar com o Felipe, falei com o Felipe. Tive que falar com o Thiago, falei com o Thiago. Tive que falar com o Renato, e já trabalhamos várias vezes. Ele já sabe que a maneira que a gente trabalha, foi simples. E tivemos pouquíssimos problemas. Pouquíssimos mesmo. Porque às vezes você acha que um caso resolve alguma coisa muito… Eu vou dizer para você o seguinte. Ninguém tira ninguém por causa de um episódio no futebol grande, nesse que a gente vive. A gente respeita todo mundo e sabe que eles também podem cometer. E que isso dá na mesma maneira com a gente. Se a gente decide por algo mais radical, é algo muito pensado, é algo muito considerado em tudo. E a gente acha que é intransferível a decisão. Porque a gente sempre está pensando no trabalho, no grupo, no Fluminense.” – disse Mano sobre os desafios de lidar com os medalhões.
Já sobre assumir o Fluminense, o Gaúcho elogiou a recepção que teve em sua chegada às Laranjeiras;
Fui muito bem recebido. Muito bem recebido no Fluminense. As pessoas me ajudaram muito, a gente passava por essa ponte, que era longa, de um jeito de jogar completamente diferente para o jeito que eu armo as minhas equipes tradicionalmente, porque acredito que essa é a maneira que vejo o futebol. Mas essa ponte era longa, né? Então muitas vezes estivemos na metade do caminho, nem abandonamos integralmente a maneira anterior, nem conseguimos chegar na maneira que queria. E o meio do caminho é sempre o pior lugar. Nem se não faz bem aquilo que você fazia antes, nem faz também aquilo que é outra ideia. E internamente a gente teve muito apoio para fazer as coisas certas. E dá um trabalho danado para fazer as coisas certas no Brasil. Fazer as coisas corretas, exigir aquilo que a gente acredita que seja fundamental pra você construir um trabalho. Mas eu acredito mesmo assim que fazendo o certo sempre é mais provável que a gente atinja os objetivos.” – completou o treinador.