O número de adoção de cachorros e gatos cresceu, pelo menos, 50% no período da pandemia da covid-19, alegam algumas ONG’s entrevistadas pelo G1. A taxa é surpreendente para as organizações que resgatam animais em situações de vulnerabilidade, mas levanta-se um questionamento se os possíveis tutores tomarão todos os cuidados necessários com um novo pet em sua casa e, além disso, tem-se uma preocupação se os números de animais abandonados aumentarão, pois, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já existem mais de 30 milhões de animais abandonados vivendo nas ruas do Brasil.
Com a indicação do Ministério da Saúde, junto com a OMS (Organização Mundial da Saúde), para permanecer em isolamento social, muitas famílias buscaram alternativas para preencher essa solidão e calmaria dentro de casa. A solução encontrada pela maioria foi recorrer à adoção de bichinhos, principalmente cães e gatos. De acordo com um levantamento feito pela CNN, o principal motivo para o aumento dessas taxas é justamente esse: “a busca por companhia contra a solidão do isolamento social“.
Muitos indivíduos que nunca tiveram um animal em seu lar estão adotando e vivenciando sua primeira experiência. Isso pode ser enxergado tanto com um viés positivo quanto negativo. É importante que algumas pessoas abram suas mentes para dar uma casa à animais que demoram para ser adotados, ou muitas vezes acabam nunca encontrando um tutor. Com o isolamento social, e o aumento da taxa de adoção, os animais de rua acabam encontrando mais rapidamente um lar, superando a problemática que se tinha anteriormente da baixa procura de animais para adoção quando comparado aos animais à venda.
Optar por adotar um animal é uma das atitudes mais importantes para diminuir o número gritante de cães e gatos abandonados e, consequentemente, evitar a vulnerabilidade aos maus tratos. Mas, antes disso, é necessário saber os cuidados que ter um bichinho em casa requer.
Amanda Fantin, uma das fundadoras do projeto Animalize, e também, estudante de veterinária da Universidade Estadual de Londrina (UEL), reforça que tanto as ONG’s quanto os futuros tutores podem tomar algumas medidas para evitar o abandono. De acordo com a voluntária, diante desse aumento de adoções, é importante que se realizem entrevistas rigorosas antes do apadrinhamento. “Antes de qualquer adoção, a primeira coisa que fazemos é uma entrevista com essa pessoa. Exatamente por esse medo muito grande da pessoa estar em home office no momento, conseguir cuidar, dar atenção para o animal, mas, e depois quando a vida ficar corrida, quando a vida voltar ao normal? Então a gente acaba se preocupando um pouco, exatamente por lidar há muito tempo com essa questão de devoluções de animais“.
Amanda Fantin também ressalta alguns fatores importantes a serem pensados antes de adotar um animal: “A primeira coisa a se pensar é que você vai estar lidando com uma vida, o animal não é um objeto, então você não vai pegar um animal para deixar amarrado no quintal, dar restos de comida e tudo mais. Você tem que ter uma programação, por exemplo, saber quanto tempo você pode ficar em casa e ver se é suficiente para dar atenção ao animal. É importante saber, também, se terá tempo de levar o animal para passear, se você vai conseguir dar a ele vacina, vermifugação e, até mesmo ração, porque, querendo não, é um gasto mensal“.
A estudante de veterinária encerra batendo na tecla de que antes de decidir adotar, ou até mesmo comprar um animal, é necessário refletir se você mesmo tem responsabilidade para isso. “São pontos que as pessoas precisam olhar mais para si e não agir por impulso“, dessa forma, a voluntária acredita que a adoção será mais responsável e possuirá menos chances de um abandono.
Sob supervisão do jornalista Derick Fernandes