Ele se aproxima sorridente, cumprimentando todos os amigos em seu caminho, usando uma camiseta branca com seu nome estampado. O cara é gente fina, conhecido em várias regiões da cidade, principalmente nas redondezas do seu bairro, o Parque Jamaica, na Zona Oeste de Londrina. Alex Félix é um típico cidadão londrinense, sabe, daqueles cujo a energia e o alto astral contagiam.
– Grande Derick! Como está meu amigo!? – cumprimenta.
Logo me animo para a conversa que teremos sobre a cidade e seus projetos para ela.
– Que bom que veio aqui!
Nesse momento, ele pede um espetinho, justificando que está com fome após um dia de trabalho. Era por volta das 19h50, horário em que costumeiramente, os amigos, Maurão Pereira, do News Londrina, jornalista também, e o Marlos, amigo e assíduo apoiador do Félix, se reúnem para discutir sobre ideias e até jogar conversa fora, oras, ninguém é de ferro.
– Eai Félix, como vai a caminhada! O que me conta de bom? – Indago
Logo ele emenda a conversa e já solta
– Estamos trabalhando muito, tenho intenções e propostas que podem ajudar. Me sinto preparado para ser vereador em Londrina – diz entusiasmado.
Alex Félix quase já chegou lá. Ele foi candidato em 2016 e não entrou na Câmara Municipal por poucos votos, coisa de 100. Dessa vez ele acredita que conquistar uma posição no legislativo, apostando na aproximação com sua comunidade e em propostas inovadoras. Uma dessas propostas, pasme você, mexe com uma das feridas de Londrina, e que até hoje continua doendo em quem ama esta cidade. É a dita cuja, ou a ‘maldita cuja’ Lei da Muralha, que embora tenha sido derrubada lá em 2012, para Félix ela ainda existe e ainda atrapalha os planos de desenvolvimento da cidade.
– Nosso comércio é forte, mas falta ainda abrir a cidade e acabar com o monopólio dos supermercados e de determinados grupos econômicos que usam a influência que tem no rádio e na TV para atrapalhar o desenvolvimento de Londrina. Os mercados como citei de exemplo, grandes redes não conseguem se instalar aqui por causa de uma série de dificuldades, e perdemos ainda os que tinham – argumenta.
Ele se refere ao Angeloni e ao Wal-Mart, que fecharam suas portas em Londrina. O Angeloni prometeu voltar, mas não retornou, embora tenha um terreno na cidade, e uma unidade (muito moderna diga-se de passagem) na vizinha Maringá.
– Os empresários não conseguem se instalar, investir em um terreno, porque quase todos os melhores locais da cidade já possuem um dono e não se permite instalar outros empreendimentos nas proximidades. Criam dificuldades, barreiras, documentos impossíveis. A minha intenção se chegar lá é lutar contra as leis estúpidas em Londrina. Cidade Limpa é essencial por exemplo, mas ela mata a cidade da forma como está sendo aplicada. Não temos uma cidade vívida, temos uma cidade universitária, em que o universitário não tem nada para fazer, a não ser ficar em casa ou quando pode, se encontrar em amigos em um bar, porque nas praças mesmo eles não podem ficar – lamenta.
A Lei da Muralha foi uma polêmica em Londrina. Teria sido uma lei para beneficiar diretamente um grupo varejista no Paraná que possui domínio sobre as unidades supermercadistas de Londrina. O mais incrível é que este grupo sequer tem sede na cidade. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou a denunciar empresários por oferecerem propina para evitar que a lei fosse revogada.
A lei instituiu um quadrilátero que engloba quase toda a cidade, proibindo a instalação de novos supermercados e materiais de construção nessas áreas. E a maioria dos mercados que já existiam, pertenciam a um único grupo varejista. A lei foi aprovada em 2005 e ampliada em 2006. Apenas em 2012, o então prefeito Barbosa Neto assinou sua revogação, mas o vício de causa já existia – ou seja – com o passar do tempo, foram criados mecanismos com desincentivo para empresários investirem em hipermercados na cidade.
– Você não acha que vai mexer num vespeiro? – Indago eu, imaginando o Félix, um micro empresário do Parque Jamaica, enfrentando um poder financeiro descomunal, a elite da elite de Londrina.
– Mas fazer o que? É assim que tem que ser. Precisamos mudar um pouco a história dessa cidade, Derick. Londrina não cresce, estamos apenas aumentando a população, mas crescer de verdade é gerar emprego, renda, abrir a cidade a novos negócios. Se quiserem montar um Shopping aqui na rua, eu sou a favor. Isso é emprego, é geração de renda. Agora, temos que ficar reféns para sempre do mesmo grupo? Dos mesmos que influenciam a política, a religião e a mídia na cidade? Londrina precisa superar essa etapa e seguir adiante. Se eu for eleito, com certeza vou trabalhar muito para que a cidade prospere, mas preciso que as pessoas estejam comigo pra isso – diz em tom esperançoso.
Neste momento, ele cumprimenta um amigo, e entrega um santinho. “Conto com você, viu!”, diz ao eleitor.
Alex Félix é candidato a vereador pelo PROS. Em 2016 ele tentou pelo PSL, fez pouco mais de 1.200 votos. Em 2012, Félix também concorreu, pelo PMN, um partido nanico, mas que elegeu o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, em 2016 – quando Félix já estava no PSL.
O candidato a vereador garantiu para este jornalista na finalização da conversa
– Félix, de tudo que me disse, quanto você pode cumprir? Porque eu já ouvi tantas promessas de tantos, não me surpreende tudo isso. O negócio é chegar na Câmara e fazer, porque temos em Londrina uma política ainda primária na questão do legislativo.
– Derick, eu sei da minha vontade e sei o que quero pra minha cidade. Eu sou empreendedor também, eu também preciso que minha cidade se desenvolva pra ser melhor pra minha família, para os meus amigos. Aliás, você já tem candidato? Eu conto com você também, e me entrega um santinho.
É nesse momento que analiso em mente, que Londrina tem muita gente boa, mas que por muito tempo, ficaram ocultadas dos bailes sociais ou das colunas no jornal mais antigo da cidade. Ali só entra a nata. Ainda em meus pensamentos, imagino que Londrina vive ares de mudança, de novos tempos, de uma cidade jovem que renasce com a ajuda de seus filhos.
Concluo pra mim mesmo: Progresso e vida longa para essa cidade, uma pérola no interior do Paraná.