Fósseis de 416 milhões de anos são encontrados no Paraná

Redação
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24Horas Fundo

“Paleontologia não é só dinossauro”, diz Cristina Silveira Vega, paleontóloga e professora do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Datados antes mesmo dos dinossauros, no período chamado Devoniano, entre 416 milhões e 359 milhões de anos atrás, fósseis de espécies de serpente e estrela-do-mar foram descobertos no Paraná por pesquisadores da UFPR.

O estudo de iniciação científica do estudante Malton Carvalho Fraga, do curso de Geologia, com orientação da professora Cristina, foi publicado neste mês na revista científica internacional Journal of South American Earth Sciences, que abrange as Ciências da Terra, principalmente em questões relevantes para a América do Sul, América Central, Caribe, México e Antártica.

O artigo mostra a diversidade e riqueza fossilífera da região do Paraná. A pesquisa é pioneira em detalhar os fósseis de serpentes do mar (ofiuroides) e estrelas-do-mar das rochas do período Devoniano do Brasil. Os pesquisadores da UFPR descobriram duas novas espécies, dois novos gêneros e uma nova família de equinodermos, grupo de invertebrados tipicamente marinhos. Atualmente existem mais de 2 mil espécies vivas de ofiuroides e mais de 1,5 mil espécies vivas de estrelas-do-mar.

Para a professora Cristina Silveira, a descoberta também consiste no entendimento da vida que passou pelo planeta ao longo dos anos e as pessoas não sabiam. “O estudo desses seres [estrelas-do-mar e serpentes do mar] é tão importante quanto o de animais maiores, como os dinossauros”.

A coleta de fósseis de equinodermos foi realizada por diferentes alunos e professores da UFPR, em pontos estratégicos dos municípios de Ponta Grossa e Jaguariaíva, no Paraná, onde rochas do período Devoniano estão expostas na superfície. A coleção da UFPR possui 60 amostras coletadas nas últimas três décadas.

Malton explica que a coleta é difícil por serem animais de vida livre e com mais facilidade de escapar de soterramentos, que os preservariam como fósseis. “Este trabalho só foi possível por conta dos esforços de muitas outras pessoas que, durante décadas, coletaram e guardaram cada um desses fósseis”, diz.

O projeto faz parte do grupo de pesquisa sobre Geologia Exploratória, do Departamento de Geologia da UFPR. Além do impacto na área de Geologia, o estudo contribui com o projeto de extensão “Divulgando a Paleontologia na Educação Básica”, que leva a Paleontologia para crianças nas escolas. A ideia é explicar o que é essa área, trazer fósseis e explicar a importância deles.

O processo de pesquisa

Ao descrever as amostras coletadas, os pesquisadores notaram características peculiares que não se encaixavam em nenhuma espécie conhecida. Para chegar aos resultados, um dos desafios foi a descrição morfológica detalhada da espécie. “O esqueleto de ofiuroides e estrelas-do-mar é muito delicado, composto por milhares de ossículos milimétricos difíceis de distinguir nos fósseis”, explica Malton.

Para ilustrar as características com precisão e qualidade, o grupo teve apoio do Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (Lamir) e do Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da UFPR. Assim, foram geradas imagens dos fósseis através da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), além de outras técnicas sofisticadas.

Espécies em homenagem ao Paraná

Dentro da taxonomia, uma família é uma classe mais abrangente que um gênero, que por sua vez é mais abrangente que a espécie. O gênero Paranaster e a família Paranasteridae foram nomeados pelos pesquisadores em homenagem ao estado do Paraná.

As descobertas foram a família Paranasteridae, o gênero Paranaster, a espécie Paranaster crucis (estrela-do-mar), o gênero Magnasterella e a espécie Marginix notatus (serpente do mar). De acordo com os pesquisadores, as descobertas são importantes para mostrar a diversidade e as peculiaridades das espécies que viveram nos mares polares durante o período Devoniano.

Paranaster crucis é uma nova espécie de estrela-do-mar conhecida apenas por um único fóssil coletado no Paraná. “Mesmo assim, o fóssil é muito especial porque preservou muito bem as diferentes partes do esqueleto do animal”, avalia Malton. Essa estrela-do-mar tinha uma aparência exótica devido ao corpo coberto por centenas de espinhos. Além disso, por conta de sua peculiar combinação de características, foi necessário criar um gênero e uma família para agrupar a espécie.

Já o Marginix notatus é uma nova espécie de serpente do mar (ofiuroide) descrita com base no fóssil mais bem preservado desse estudo. Essa serpente do mar tinha braços curtos e um corpo bastante largo, o que a torna facilmente confundível com uma estrela-do-mar. Por outro lado, o maior fóssil de Marginix notatus tem o diâmetro de um prato, o que faz a espécie grande em meio aos outros pequenos fósseis de invertebrados da região.

Por Breno Antunes da Luz
Sob supervisão de Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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