LONDRINA, PR – Uma nova gravação interceptada pelo Ministério Público (MP) corrobora suspeitas de corrupção em mudanças de zoneamento urbano e Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) em Londrina, no norte do Paraná.
Na ligação, o vereador afastado Rony Alves (PTB) e Luiz Guilherme Alho, membro do Conselho Municipal da Cidade (CMC), indicam que Mário Takahashi (PV), presidente afastado da Câmara dos Vereadores, teria permitido que eles falassem a respeito de pagamento de propina com um dono de terreno. A conversa foi interceptada em 7 de abril de 2017, durante as investigações da Operação ZR3.
Veja transcrição:
- Rony: Alho?
- Luiz Guilherme: Tudo bom?
- Rony: Tudo bem?
- Luiz Guilherme: Tudo, graças a Deus
- Rony: Oh! Eu falei… O Mário me ligou, ele estava em Dubai.
- Luiz Guilherme: Ãh?
- Rony: E ele me ligou pra falar daquele assunto do rapaz que eu tinha te falado.
- Luiz Guilherme: Certo!
- Rony: Ele falou: – Rony, tranquilo, pode tocar com isso daí, conversando com ele, você e o Luiz isso daí, que depois hora que eu tiver aí eu conto o que é do outro. Que me parece que tem um caso entre os dois assim, meio… meio não resolvido, meio de, de, de… de, ah, não sei, deve ser alguma coisa de briga familiar. Mas ele falou: – Oh, pode ir tocando isso dai, que a gente pode dar continuidade na boa.
- Luiz Guilherme: Tá bom, ótimo.
- Rony: Mas vamos ver, vou marcar com ele segunda-feira as cinco horas, você pode?
- Luiz Guilherme: Posso! Pode marcar já.
Três dias depois da gravação, em 10 de abril de 2017, Alves e Alho se encontraram com o dono de um terreno na zona leste. Na ocasião, Alves reitera a indicação de Alho e afirma que, sem ele, seria difícil fazer a mudança de zoneamento.
Depois desta reunião, Alho fez um orçamento de R$ 100 mil e mais sete lotes no futuro empreendimento, o que totalizaria R$ 1,6 milhão.
Outras ligações interceptadas pelo MP revelaram a existência de uma organização criminosa.
OPERAÇÃO ZR3
O esquema que consistia em mudar o zoneamento urbano em Londrina para beneficiar empreiteiras rendia cerca de R$ 1,6 milhão em propina aos vereadores e cargos comissionados que estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual na Operação ZR3. De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o serviço envolvia a realização de estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) e acompanhamento do projeto na Câmara.
“Antes, os agentes públicos faziam a solicitação de vantagem indevida diretamente aos donos de loteadoras. Depois, eles indicavam um prestador de serviço que solicitava indiretamente a propina”, disse o delegado Alan Flore.
Rony Alves e Mário Takahashi e os outros nove investigados serão monitorados por tornozeleiras eletrônicas. Os vereadores foram afastados de seus cargos por 180 dias e, assim como os demais investigados, estão proibidos de frequentar a Câmara e a Prefeitura, além de manter contato entre si.
(Com informações do G1)