DIÁRIO 24H
LONDRINA
A poluição gerada principalmente nas grandes cidades pelas frotas de veículos leves e pesados em Londrina foi tema de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) por Thiago Landi, aluno do curso de Engenharia Ambiental do Câmpus Londrina. De acordo com o estudo, os ônibus são os principais vilões da poluição no centro da cidade.
Orientada pela professora Patricia Krecl, do Câmpus Apucarana, a pesquisa monitorou, entre os meses de janeiro e março de 2016, as concentrações de poluentes em um cânion urbano, localizado na rua Sergipe, entre as ruas Minas Gerais e Mato Grosso.
O ponto, uma ampla área comercial, é um dos mais movimentados do centro da cidade. Durante o horário de pico da manhã, das 7 às 8 horas, mais de 100 ônibus passam pelo cânion – em um dia, o número total chega a aproximadamente 11 mil. Uma câmera para a contagem de veículos durante o período de uma semana foi instalada no local.
O cânion urbano é caracterizado por ruas estreitas com construções dos dois lados. Thiago Landi explica que, “quando o vento sopra perpendicular ao eixo do cânion, são formados vórtices de ar que dificultam a dispersão dos poluentes ali gerados”.
As concentrações de fundo de vários poluentes atmosféricos no Câmpus Londrina e no topo de um prédio do centro da cidade também foram monitoradas, além dos dados meteorológicos a partir de uma estação localizada no câmpus da UTFPR.
A professora Patricia Krecl afirma que “esse estudo é para uma rua em particular, mas há uma ideia do potencial que uma redução das emissões sobre os níveis de concentração de poluentes a partir de adotar uma medida como eletrificar a frota ou renová-la com tecnologias mais novas e mais limpas poderia ter”.
POLUENTES
“Os poluentes estudados foram o black carbon (BC), os óxidos de nitrogênio (NOx) e o material particulado fino (MP2,5), todos derivados da queima incompleta de combustíveis fósseis”, conta Landi. Ele acrescenta que o intuito era analisar as concentrações de poluentes no centro da cidade e os fatores que influenciam os níveis de poluição, como o fluxo de veículos, a composição da frota veicular e a meteorologia.
Após esta etapa, buscou-se validar um modelo matemático de dispersão de poluentes que simula em software as concentrações em um cânion urbano. Foram utilizados parâmetros de entrada como as concentrações de fundo, o fluxo de veículos, a composição da frota, a meteorologia e a geometria do cânion.
Com isso, os pesquisadores puderam desenvolver diferentes cenários e analisar como seria a qualidade do ar no centro de Londrina no caso de modernização da frota, em que os veículos trabalhariam com as tecnologias mais novas disponíveis no mercado, e também no caso de eletrificação dos ônibus.
“O último cenário apresentou uma redução da poluição por NOx de 44% no cânion urbano, indicando que os ônibus são os principais vilões da qualidade do ar no centro de Londrina”, afirma Thiago Landi. O estudo também apontou que, mesmo que os ônibus representem apenas 11% da frota que passou pelo local, os fatores de emissão são até 100 vezes maiores do que o dos veículos leves.
PODER PÚBLICO
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, os resultados deste estudo poderiam ser usados por políticos do município de Londrina para criar projetos de melhoria da qualidade do ar na região central. “Podem ser estudados cenários como rodízio de veículos, redução do fluxo de ônibus, modernização de carros e ônibus, redução do número de veículos a diesel. Também é possível simular a concentração de poluentes em áreas não muito acessíveis para o monitoramento com equipamentos”, exemplifica Landi. Para ele, a principal contribuição do estudo é fornecer subsídios para que o poder público municipal possa adotar ideias e políticas públicas inovadoras para a cidade.