A pandemia de covid-19 teve impacto tanto no índice de mortalidade infantil quanto nas denúncias de violência contra crianças e adolescentes em Londrina. A informação foi divulgada durante um evento na Câmara de Vereadores de Londrina relacionado à Semana do Bebê, nesta quinta-feira (27).
De acordo com a coordenadora do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materno-Infantil de Londrina, Michele Patrícia Amadeu, em 2020, a taxa de morte de menores de 1 ano de idade foi de 12,4 óbitos a cada 1.000 nascidos vivos. A série histórica dos últimos 20 anos (2000 a 2020) mostra que o menor índice foi registrado no ano de 2015, quando a taxa foi 8,6. “A partir do ano de 2018 tivemos uma crescente elevação, muito por reflexo das condições socioeconômicas do país. Agora, com a pandemia, a curva está mais ascendente ainda“, afirmou a coordenadora.
Ela aponta ainda que, em Londrina, há predominância de mortes no período neonatal (60 a 90%), que ocorre até sete dias após o nascimento e está ligado ao parto prematuro e às condições de saúde da gestante.
Segundo o assistente social da delegacia do Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente Vítimas de Crimes, Nucria de Londrina, Márcio Antunes atualmente tramitam no órgão cerca de 1,7 mil procedimentos, como boletins de ocorrência ainda em análise e inquéritos.
“Em março de 2020 verificamos um aumento das denúncias. Com o confinamento das crianças em casa, ocorreram muitas situações de violência, inclusive violência por meio virtual. Recebemos um número significativo de denúncias de tentativa de abordagem com finalidade sexual por meio de jogos eletrônicos e redes sociais“, disse.
Outro fator de risco, segundo a diretora do Departamento de Pediatria da Associação Médica de Londrina, Najat Nabut, é que a pandemia também teve como reflexo a baixa cobertura vacinal das crianças.
“Nenhuma das vacinas do calendário das crianças atingiu a meta de cobertura desejada. Eu mesma, há poucos dias, atendi duas mães que ainda não tinham dado a primeira vacina do bebê, que é a BCG, contra a tuberculose, porque os pais estavam com medo de sair de casa com a criança devido à pandemia. Devemos lembrar que as unidades de saúde estão preparadas para vacinar de forma segura“, alertou.