De Claudio Osti
A comparação do crescimento populacional da última década (2010 – 2019) com o número de famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico, do governo federal, aponta para um empobrecimento da população de Londrina no período. Podem se inscrever no CadÚnico famílias com renda de ½ salário mínimo por membro, até um total de três salários mínimos.
Enquanto a população cresceu 16,20% (de 485.822 habitantes, em 2010, para 569.733, em 2019, segundo projeções do IBGE), os inscritos no CadÚnico cresceram 65,8% (de 31.182 famílias inscritas em 2010 para 52.055 em 2019). Como cada família, ainda de acordo com o IBGE, tem em média 3,3 membros, em 2019 eram 171.781 pessoas inscritas no CadÚnico, aproximadamente 30% da população londrinense.
Mesmo se levando em conta o aumento da demanda pelo CadÚnico, no qual os inscritos se credenciam para programas assistenciais do governo, a disparidade do ritmo de crescimento entre os grupos (população e cadastrados) aponta para a tendência de crescimento da pobreza, pois no começo da década o município já contava com uma política de Assistência Social ampla e efetiva. A avaliação é da coordenadora do Projeto de Pesquisa Desigualdade Social Londrina, da UEL, a professora e doutora Ana Patrícia Nalesso.
Ela ressalta que a tendência detectada de empobrecimento da população é ainda mais preocupante porque se refere a um período anterior ao da pandemia de Coronavírus e o aprofundamento da crise econômica em sua decorrência.
O Projeto de Pesquisa começou a ser desenvolvido em março de 2020 e tem entre seus objetivos formular indicadores que ajudem a delinear a desigualdade social no município sob vários aspectos, bem como subsidiar o enfrentamento dessa desigualdade por órgãos do estado e pela sociedade.