O rapper Djonga lançou ontem (13) seu oitavo álbum de estúdio, “Quanto Mais Eu Como, Mais Fome Eu Sinto!” O projeto, composto por 12 faixas, conta com participações de; RT Mallone, Los Hermanos, Dora Morelenbaum, Coyote Beatz, Rapaz do Dread, Samuel Rosa e Milton Nascimento. O álbum, disponível em todas as plataformas de áudio atravessa temas como amor, racismo, desigualdade social e a escassez presente na realidade do povo preto brasileiro. Ouça aqui.
Djonga abre seu projeto com a faixa ‘Fome‘, na qual o mineiro de 30 anos rima sobre a necessidade de transformar sua realidade por meio de uma luta e um trabalho incessantes. Após anos de carreira e o sucesso conquistado, o artista reflete sobre viver uma vida sempre vigilante, buscando oportunidades para se destacar, ao mesmo tempo em que enfrenta a constante desconfiança daqueles ao seu redor, um traço característico da vida insegura nas ruas. Djonga deixa claro que sua ascensão não o fez esquecer suas raízes.
A dura realidade da periferia – e da população negra – permeia a temática do álbum. Djonga retoma suas críticas sociais a um sistema que espera o fracasso de pessoas como ele. Sem esquecer sua ancestralidade, o artista evidência que, apesar dos desafios socioeconômicos enfrentados pela maioria da população negra, ele é um homem poderoso e lutador, assim como seus ancestrais. Por isso, sabe que ele não irá desistir, pois seu povo continua resistindo há mais de 500 anos.
A fome de Djonga se dá em um cenário onde uma em cada cinco famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas ou pretas no Brasil sofre com a fome (17% e 20,6%, respectivamente) — o dobro em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas (10,6%), de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, de 2022. Enquanto seus semelhantes não tiverem os mesmos acessos e oportunidades, a favela não vencerá de fato, e sua fome por mudança não vai acabar.