A mãe que descobriu após dez anos que filho desaparecido tinha morrido

Derick Fernandes
Por Derick Fernandes Deixe um comentário 4 min de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

A voz embargada e trêmula entrega a angústia. Por telefone, a dona de casa Maria José chorava enquanto contava sua história. Desde 2011 ela procurava pelo filho, Michel Washington Soares, de 26 anos, visto pela última vez em Curitiba em maio daquele ano.

Após dez anos de procura, a mulher descobriu entre idas e vindas que o filho tinha sido encontrado morto em 2012 no Rio Iguaçu, na capital. Maria tenta entender como a informação chegou tão tarde, e o porque não houve investigação sobre o caso.

A mulher relata que por diversas vezes contatou o Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba, e não só o órgão, mas também hospitais, casas apoio e até mesmo outras unidades do IML na Bahia e em Santa Catarina.

“Uma vez eu fui a Salvador com a ajuda de amigos para ver o corpo de um rapaz que não tinha sido identificado e estava lá”, diz ela, que sempre residiu em Mongaguá, em SP.

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Maria José na ocasião em que foi a Curitiba: “cidade linda que me entristeceu” – Foto: Arquivo pessoal

Ela ainda conta que recebeu fotos por celular feitas na época em que o corpo foi encontrado. Ela questiona se o corpo é mesmo de Michel, já que algumas características são diferentes. “Eles disseram que só podem confirmar caso eu faça um exame de DNA, que nesse caso me custaria R$ 20 mil”, conta.

Em outubro deste ano a mãe chegou a viajar a Curitiba onde havia combinado que participaria de uma reportagem sobre o caso. “O ônibus atrasou na viagem, e eles cancelaram a reportagem, não falaram mais comigo”, lamentou.  Na rodoviária, com poucas esperanças, ela desabafou em uma frase:

“Curitiba, uma cidade linda que me entristeceu”

O corpo de Michel teria sido encontrado em uma cava no Parque Iguaçu, na divisa entre São José dos Pinhais e Curitiba. O corpo estava boiando e, segundo a polícia, não aparentava sinais de violência. A região fica próximo do bairro Boqueirão, onde mora até hoje o pai de Michel, que sempre renegou o filho.

“O pai dele nunca fez nada para ajudá-lo. Meu filho morreu na sarjeta, pedindo ajuda e ninguém estendeu a mão. Eu não tinha condições de fazer muita coisa, porque sou uma mulher humilde e trabalhadora”, disse ela lamentando que se tivesse como, tinha buscado Michel em Curitiba.

Michel era usuário de drogas, e se viciou depois de ter sido expulso de casa pelo pai após ele se separar da ex-mulher. Esse era o maior problema social do rapaz, que muito embora tivesse o problema com as drogas, não tinha passagens pela polícia.

Maria José vai além, e questiona os motivos pelo qual o caso não foi apurado. “Deveria a polícia ter ao menos ido perguntar ao pai dele se ele sabia de alguma coisa. Não posso afirmar nada, mas nem ao menos uma investigação fizeram para saber como meu filho foi parar nesse local sozinho”, disse.

Ela lembra que precisará novamente se deslocar ao Paraná para buscar os restos mortais do rapaz, outrora desaparecido. “Eu não sei mais o que fazer. Eu queria que a reportagem viesse falar comigo, que me dessem atenção”, disse era, novamente chorando.

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Jornalista
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Derick Fernandes é jornalista profissional (MTB 10968/PR) e editor-chefe do Portal i24.
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